Fenprof já enviou pedido à PGR para investigar mortes de quatro docentes

Davam aulas em Manteigas, Odivelas, Oliveira de Azeméis e Fundão. Morreram “no pleno exercício de actividade profissional”, denuncia a Fenprof.

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A Fenprof relembrou que são muitos os professores que metem baixa por atingirem níveis de desgaste físico, psíquico e psicológico PAULO PIMENTA

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) enviou à Procuradoria-Geral da República um pedido de apuramento das causas da morte de quatro professores que morreram “no pleno exercício de actividade profissional”.

Os professores leccionavam em Manteigas, Odivelas, Oliveira de Azeméis e Fundão. Num dos casos, a professora ter-se-á sentido mal quando estava na sala de aula, enquanto nos outros três casos os docentes morreram em períodos não lectivos, relacionados com a avaliação dos alunos ou com a actividade da escola, afirma, em comunicado, a federação liderada por Mário Nogueira.

A Fenprof revela que não conhece as causas das mortes, nem se estão relacionadas com a “tremenda sobrecarga horária e de trabalho” a que os docentes estão obrigados. Contudo, estranha que esses casos tenham surgido durante o período do ano em que “as situações de cansaço, desgaste, stress e burnout mais se acentuam”.

A Fenprof diz que “mais de metade dos professores em exercício sente um stress laboral elevado e apresenta índices igualmente elevados de cansaço”, citando um estudo de uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa. E relembrou que são muitos os que “se vêem obrigados a entrar em situação de baixa por atingirem níveis de desgaste físico, psíquico e psicológico”.

A federação informa ainda que reuniu com a tutela a 15 de Julho para analisar essa sobrecarga laboral dos professores, mas que o Ministério da Educação “desvalorizou”.

“Os professores, dada a especificidade da sua actividade, têm horários de trabalho que incluem diversas componentes, sendo que uma delas (componente individual de trabalho) não tem registo no horário de trabalho, onde cai toda a actividade que não cabe nas componentes registadas”, explica a Fenprof antes de adiantar que os professores não trabalham as “35 horas previstas na lei”, mas em média “ultrapassam as 46 horas semanais”.

A Fenprof vai promover uma iniciativa, a 2 de Setembro, em defesa do rejuvenescimento da profissão docente e vai lançar um abaixo-assinado para repor os principais objectivos de luta dos docentes para o ano lectivo 2019/2020.

Para 5 de Outubro está marcada uma manifestação nacional em Lisboa, para assinalar o Dia Mundial do Professor.

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