Museu Nacional da Música vai ser transferido por inteiro para o Palácio de Mafra

Graça Fonseca explicou que o projecto vai ser desenvolvido durante este ano, e espera que em "2020 seja possível começar a obra para, até ao início de 2021", abrir o museu ao público naquela vila.

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Graça Fonseca LUSA/MIGUEL A. LOPES

A ministra da Cultura anunciou esta quinta-feira que o Museu Nacional da Música vai ser instalado por inteiro no Palácio Nacional de Mafra, onde deve abrir ao público em 2021, uma decisão que não coincide inteiramente com o que fora anunciado pelo seu antecessor, Luís Filipe Castro Mendes, que em Janeiro de 2018 já previa que a exposição permanente ficasse em Mafra, mas admitia a existência de um segundo pólo em Lisboa, que acomodaria o Arquivo Nacional Sonoro e algum património relativo à etnomusicologia e à música popular portuguesa. 

Graça Fonseca assegurou agora que "o Museu da Música não será dividido em dois espaços diferentes" e vai ser todo ele concentrado na ala norte do Palácio de Mafra. Essa mesma intenção fora já assumida durante o Governo de Passos Coelho pelo secretário de Estado da Cultura Jorge Barreto Xavier, na sequência de outros destinos que, em diferentes momentos, chegaram a ser aventados, como o da transferência para o convento de São Bento de Cástris, perto de Évora, anunciada em 2010, no segundo Governo de José Sócrates, pelo então secretário de Estado da Cultura Elísio Sumavielle.

Luís Filipe Castro Mendes começou por anunciar, em Novembro de 2017, que o Museu da Música iria ser dividido em dois pólos, concebidos segundo critérios de periodização histórica, com o núcleo barroco a ser transferido para o Palácio de Mafra e o romântico a ficar em Lisboa, mais precisamente no Palácio Foz. O ex-ministro argumentava que transferir tudo para Mafra era demasiado caro e defendia que a solução proposta servia melhor a política de desconcentração do património cultural defendida pelo seu ministério.

Dois meses mais tarde, o cenário do palácio Foz já estava fora da equação, bem como a divisão entre barroco e romântico, mas Castro Mendes continuava a defender um segundo pólo em Lisboa, praticamente restrito ao Arquivo Nacional Sonoro, a instalar em local a definir. 

Mas que o essencial do museu iria para Mafra já estava previsto há um ano, e foi isso que a actual ministra agora veio confirmar. "O Museu Nacional da Música está instalado há 25 anos numa estação do Metro, em Lisboa, e finalmente julgamos que encontrou o seu lugar em Mafra", salientou Graça Fonseca, que falava aos jornalistas no fim da assinatura de um acordo de parceria entre aquele município e a Direcção-Geral do Património Cultural.

A ministra da Cultura afirmou que a transferência do museu para Mafra, que tem sido alvo de algumas críticas, "faz todo o sentido", pela ligação histórica de Mafra à música, pela necessidade de descentralizar a Cultura e pelas sinergias que aí podem ser criadas, "complementando" a oferta cultural do monumento, composto por seis órgãos históricos e por uma das bibliotecas mais ricas do país. O financiamento envolvido é de três milhões de euros, cabendo à autarquia investir um milhão.

Graça Fonseca explicou ainda que o projecto vai ser desenvolvido durante este ano, e espera que em "2020 seja possível começar a obra para, até ao início de 2021", abrir o museu ao público naquela vila.

O presidente da câmara, Hélder Sousa Silva, lançou o repto à governante para, à semelhança de outras parcerias com o Governo, ser o município a elaborar o projecto, lançar o concurso público e fiscalizar as obras. "A instalação do Museu Nacional da Música representa uma oportunidade para inscrever este território na dinâmica do turismo cultural", sublinhou o autarca.

Graça Fonseca aceitou a parceria, para a qual vai ser necessário estabelecer um novo acordo.

O Museu, actualmente instalado na estação de Metropolitano do Alto dos Moinhos, em Lisboa, tem uma das mais ricas colecções da Europa de instrumentos musicais, com um acervo composto por mil instrumentos dos séculos XVI ao XX, de tradição erudita e popular.

Fazem também parte do museu vários espólios documentais, e colecções fonográficas e iconográficas do maior relevo.

Entre os instrumentos classificados como Tesouro Nacional estão os cravos Taskin, de 1782, recentemente restaurado, e o Antunes, de 1758.

O piano Boisselot, que o compositor e pianista Franz Liszt trouxe a Lisboa, em 1845, e o violoncelo de Antonio Stradivari, que pertenceu ao rei D. Luís, são outros tesouros do museu.

O violoncelo de Henry Lockey Hill, de Guilhermina Suggia, os violinos e violoncelos de Joaquim José Galrão, os clavicórdios setecentistas das oficinas lisboetas e portuenses são outros destaques da colecção, assim os raros cornes ingleses Grenser e Grundman & Floth, do final do século XVIII, e as flautas de Ernesto Frederico Haupt, de meados do século XIX, que são exemplares únicos.

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