UE prepara ultimato a Maduro: ou marca eleições ou reconhecem Guaidó como Presidente interino

Juan Guaidó está a discursar em Caracas. "Mais do que um libertador, prefiro ser um servidor público para vós", disse para uma praça cheia.

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Nicolás Maduro CRISTIAN HERNANDEZ/EPA

Alguns países europeus, como Espanha, Alemanha e França, exigiram nesta sexta-feira a marcação de eleições “livres e justas” na Venezuela e deram um prazo a Nicolás Maduro para as aceitar. Caso contrário, estão dispostos a reconhecer Juan Guaidó como Presidente interino para que a Assembleia Nacional as possa convoque. 

Trata-se de uma antecipação da posição que a União Europeia está a ultimar. Numa nova declaração, a UE prepara-se para lançar um ultimato ao Presidente venezuelano. Ao contrário de outros países, como os Estados Unidos, o Canadá e muitas nações americanas, a UE não reconheceu a auto-proclamação de Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, como Presidente interino, na quarta-feira.

Guaidó está neste momento a discursar na Praça Bolívar em Caracas, onde falou precisamente da necessidade de eleições livres, "para o regresso da democracia plena à Venezuela". 

"Mais do que um libertador, prefiro ser um servidor público para vós", disse para a multidão que enche a praça. 

A posição do bloco foi anunciada em Bruxelas nesta sexta-feira, depois de uma reunião dos embaixadores dos 28 Estados-membros. Em preparação está uma nova declaração sobre a crise na Venezuela, depois da emitida na quarta-feira pela chefe da diplomacia, Federica Mogherini, em que a União reconhecia a Assembleia Nacional como a instituição legítima do país. O regime chavista dirigido por Nicolás Maduro retirou todos os poderes à Assembleia (o Parlamento), e criou outro órgão legislativo na forma de Assembleia Constitucional.

O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, Josep Borrell, confirmou na manhã desta sexta-feira em Bruxelas que “se for constatado que não existe a menor vontade” da parte de Maduro de convocar eleições “num prazo que deve ser curto”, serão adoptadas outras medidas na UE, entre elas o reconhecimento de Guaidó.

“Se Nicolás Maduro mantiver a intransigência e se recusar a participar nesta solução de transição pacífica, isso significa que mais ninguém poderá contar com ele (...). Deixará de ser interlocutor válido” para a comunidade internacional", disse também o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, citado pela agência Lusa.

Declarações no mesmo teor tinham sido feitas em França e na Alemanha.

Desde quinta-feira que o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, manteve conservas com a chanceler alemã, Angela Merkel, com o Presidente francês, Emmanuel Macron, e com outros dirigentes europeus para se chegar a uma posição comum na UE. O Governo alemão exigiu eleições "livres e justas" e o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, disse que Maduro "não pode ser o Presidente legítimo" pois as eleições de Maio de 2018 que venceu não foram de acordo com "os padrões democráticos".

Segundo disseram fontes diplomáticas ao jornal espanhol El País, o prazo que a União Europeia vai dar a Maduro vai ser definido muito em breve. Está a ser discutido nesta sexta-feira pelos embaixadores dos 28 em Bruxelas.

Dentro da UE, há países que olham com maior preocupação para a crise venezuelana. Portugal, Espanha e Itália são os países com maior número de cidadãos ou descendentes de cidadãos na Venezuela. França e Holanda têm territórios ultramarinos que confinam com a Venezuela. 

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