Alemanha abranda em 2018 mas escapa a recessão

Depois do terceiro trimestre negativo, Alemanha garantiu crescimento ligeiro no quarto. Desempenho mais fraco da indústria e das exportações é no entanto evidente.

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EPA/FOCKE STRANGMANN

A economia alemã registou em 2018 o ritmo de crescimento mais baixo dos últimos cinco anos, mas terá conseguido, com um crescimento ligeiro no quarto trimestre, evitar um cenário de entrada em recessão técnica no final do ano passado.

De acordo com a estimativa rápida para o PIB anual publicada esta terça-feira pela autoridade estatística alemã (Destatis), a maior economia da zona euro cresceu 1,5% durante o ano de 2018. Este valor representa uma redução face aos 2,2% de 2017 e é o mais baixo dos últimos cinco anos.

Confirma-se deste modo o cenário de abrandamento que se tem vindo a assistir a partir do Verão do ano passado. Ainda assim, a Alemanha, depois de uma contracção do PIB no terceiro trimestre, deverá ter conseguido evitar a entrada em recessão técnica, que é declarada quando uma economia regista dois trimestres consecutivos de recuo no PIB.

Apesar de, neste relatório, não apresentar os valores da variação trimestral do PIB, o Destatis refere que é provável que a economia tenha crescido ligeiramente durante o quarto trimestre. No terceiro trimestre tinha recuado 0,2%.

O desempenho mais fraco da economia alemã tem vindo a ser evidente ao longo das últimas semanas em diversos indicadores. Esta segunda-feira, o Eurostat tinha indicado que a produção industrial na Alemanha recuou 1,9% entre Outubro e Novembro do ano passado. No total da zona euro, a descida foi de 1,7% e em Portugal de 2,5%.

Os dados do PIB de 2018 agora publicados mostram que os contributos mais positivos para o crescimento vieram do consumo privado e do consumo público, que até registaram variações anuais mais fortes do que em 2017. No entanto, os outros indicadores, com destaque para as exportações, apresentaram um pior desempenho.

Na segunda metade do ano passado, a economia alemã começou a sofrer com a deterioração da conjuntura internacional e foi particularmente afectada por diversos factores negativos na indústria automóvel que, para além de estar a sofrer com uma diminuição da procura e um aumento da concorrência, enfrentou novas regras para as emissões de carbono.

O desempenho mais fraco da economia alemã é uma das principais razões para que, neste momento, se fale do risco de deterioração acentuada da conjuntura internacional. A queda registada nas bolsas internacionais no final do ano passado foi motivada em parte pelo receio dos investidores de que a economia mundial, depois de vários anos de crescimento, tenha entrado num ciclo negativo.

Para as diversas economias da zona euro, incluindo Portugal, um abrandamento da Alemanha traz inevitavelmente impactos negativos. No caso português, a Alemanha é neste momento o terceiro principal destino das exportações.

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