Montenegro desafia Rio: "Não tenha medo do confronto"

Ex-líder do bancada do PSD diz que o presidente do PSD "falhou" e pede eleições directas.

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Luís Montenegro no CCB Nuno Ferreira Santos
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Luís Montenegro Nuno Ferreira Santos
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Hugo Soares esteve presente na apresentação Nuno Ferreira Santos

Luís Montenegro entrou sozinho na sala e começou por atacar a estratégia de Rui Rio: "O estado a que o PSD chegou é mau, preocupante e irreversível". A declaração foi proferida, nesta sexta-feira, no Centro Cultural de Belém. O ex-líder parlamentar do PSD explicou que houve uma "brutal alteração de circunstâncias" e que Rui Rio "falhou" na união do partido e na capacidade de fazer oposição. "Face a este estado de coisas sinto a responsabilidade de sair da minha zona de conforto. Não me resigno esta situação", disse, considerando que o PSD corre o risco de uma "derrota humilhante" e de se tornar "irrelevante".

A falta de oposição ao Governo do PS foi uma das tónicas do discurso. Os eleitores assistem ao "desfile" de António Costa rumo às eleições e "olham para o lado e observam um PSD frouxo a fazer oposição". E sublinhou: "Não há uma crítica de Rui Rio a António Costa." 

"Estou disponível para me candidatar de imediato à liderança do PSD, marcar eleições directas e apresentar já a candidatura. Não é um combate pessoal, é um combate de estratégias", defendeu. De um lado Rui Rio, com um partido "pequeno" e complacente com o Governo. Do outro, acrescentou, "um partido com vocação maioritária" e "autónomo do PS". 

O ex-líder parlamentar apelou à "coragem" de Rui Rio para marcar a disputa eleitoral. "Não tenha medo confronto", disse, apelando a que a direcção não se refugie em "questões formais". 

Montenegro sustentou que "alguns apoiantes de Rio" podem ficar satisfeitos com um partido "irrelevante" e defendeu que "é preciso e urgente "mudar este estado de coisas". E dramatizou: "É preciso salvar o PSD do caminho para o abismo."

Na sua intervenção de cerca de 20 minutos, o ex-líder da bancada do PSD criticou – sem nomear ninguém – os que preferem o "caminho do deixa andar para queimar o líder em lume brando". E assumiu a diferença: "Considero mais saudável e leal em pôr tudo em pratos limpos, clarificar o que há para clarificar". 

Na sala não estava nenhum dos dirigentes distritais que se têm movimentado para recolher assinaturas para convocar um conselho nacional extraordinário onde será colocada em cima da mesa uma moção de censura contra a direcção do partido, a marcação de directas e de um congresso. Compareceram Hugo Soares, antigo líder parlamentar e amigo pessoal de Luís Montenegro, e ainda Joaquim Pinto Moreira, presidente da câmara de Espinho, terra que é a naturalidade de Montenegro, além de alguns apoiantes que, no final, aplaudiram a declaração. 

O social-democrata não respondeu a perguntas dos jornalistas, argumentando que haverá essa oportunidade nas próximas semanas. 

Luís Montenegro, 45 anos, advogado, decidiu desafiar a liderança de Rui Rio, depois de ter assegurado repetidamente que o actual líder deveria disputar as eleições legislativas. 

Em nome da direcção do PSD, a vice-presidente Isabel Meirelles acusa Montenegro de tentar um "golpe de Estado" e assegurou que os estatutos vão ser cumpridos "à risca". 

"É um grito de desespero para manter o poder, os lugares. Parece-nos horrível, pela sede de poder não vale tudo, não vale destruir o partido e dá-lo de bandeira à maioria de esquerda e prejudicar o próprio país”, criticou.

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