Na Madeira, 6000 professores vão recuperar a totalidade do tempo de serviço congelado

Processo vai custar 28 milhões de euros, distribuídos pelos orçamentos regionais dos próximos sete anos.

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Nelson Garrido

Cerca de 6000 professores com vínculo à administração pública da Madeira vão recuperar o tempo de serviço congelado, num total de nove anos, de acordo com um decreto legislativo que entrou em vigor em 1 de Janeiro.

"Aquilo que se procurou, de uma forma responsável e de acordo com princípios de sustentabilidade das finanças públicas, foi encontrar um compromisso temporal – sete anos – para que os professores possam ver o tempo [congelado] reflectido nas suas carreiras", disse à agência Lusa o secretário regional da Educação, Jorge Carvalho.

O governante esclareceu que o processo representa um investimento de 28 milhões de euros, distribuídos pelos orçamentos regionais dos próximos sete anos, sendo que em 2019 o impacto é de 2,5 milhões de euros.

Esta verba – 2,5 milhões de euros – corresponde à recuperação de um ano e meio de serviço, do total de nove anos, quatro meses e dois dias de congelamento, nomeadamente de 2005 a 2006 e de 2011 a 2017.

"Estamos a falar de cerca de 6000 professores, ou seja, todos os professores que têm vínculo com a administração pública da Região Autónoma da Madeira", disse Jorge Carvalho, sublinhando que a recuperação começou a 1 de Janeiro de 2019.

A 17 de Outubro de 2018, o conselho do Governo da Madeira decidiu aprovar a recuperação integral do tempo de serviço dos professores da região e a 28 de Novembro o parlamento regional – onde estão representados PSD, PS, CDS-PP, BE, JPP, CDU, PTP e um deputado independente – aprovou por unanimidade a proposta de decreto legislativo.

A recuperação integral do tempo de serviço congelado é possível por o sector da Educação estar regionalizado, o que permite à Assembleia Regional legislar autonomamente.

Por fim, a 21 de Dezembro o representante da República para a Madeira assinou e mandou para publicação o diploma que consagra a recuperação integral do tempo de serviço congelado dos professores do arquipélago de forma faseada entre 2019 e 2025.

"O governo tem procurado corresponder àquilo que são as expectativas dos cidadãos e, no caso particular, na área profissional dos docentes", disse o secretário da Educação, escusando-se, no entanto, a comentar eventuais inconstitucionalidades no diploma e lembrando que o sector está regionalizado.

Mais de um ano depois do início das negociações sobre recuperação do tempo de serviço congelado, Governo da República e sindicatos não chegaram a acordo e o executivo avançou sozinho com uma proposta de recuperação de tempo de serviço que foi vetada no dia 26 de Dezembro pelo Presidente da República, exigindo a retoma do processo negocial com os sindicatos, como estipula a lei do Orçamento do Estado para 2019.

Os professores recusam qualquer proposta que retire tempo aos nove anos, quatro meses e dois dias de serviço e o Governo diz só existir capacidade financeira para recuperar dois anos, nove meses e 18 dias.

No último ano, houve greves, manifestações, protestos e acusações dos dois lados de falta de cedência.

Esta quinta-feira, representantes das dez estruturas sindicais de professores concentraram-se na residência oficial do primeiro-ministro para mostrar disponibilidade para iniciar um novo processo de negociação.

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