PCP avisa que as greves vão continuar se os direitos não forem respeitados

Presidente da República começou a ouvir os partidos sobre as perspectivas para o ano eleitoral de 2019. PAN quer legislativas a 6 de Outubro, PEV admite também o dia 13.

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Jerónimo de Sousa disse que o PCP não tem data preferida para as legislativas. Acha apenas que devem ficar bem separadas das europeias,Jerónimo de Sousa disse que o PCP não tem data preferida para as legislativas. Acha apenas que devem ficar bem separadas das europeias LUSA/TIAGO PETINGA,LUSA/TIAGO PETINGA
O PAN foi o primeiro partido a ser ouvido em Belém
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O PAN, de André Silva, foi o primeiro partido a ser ouvido em Belém LUSA/TIAGO PETINGA

O PCP admite que o ano eleitoral de 2019 possa vir a ser um ano de particular agitação sociolaboral, com o aumento do número de greves, caso não sejam dadas respostas claras aos trabalhadores de vários sectores públicos e privados. “Aos trabalhadores cabe defender os seus direitos, usando esse reforço superior que é o direito à greve”, afirmou o líder comunista no final da audiência com o Presidente da República.

Jerónimo de Sousa respondia assim à questão sobre se esperava um aumento de conflitualidade social e laboral durante o próximo ano: “Depende da resposta que o Governo der e que for dada nas empresas, porque o mundo não se esgota com o Orçamento, e a verdade é que continuam por responder grandes questões de diversos sectores de trabalhadores”. Referiu-se em especial às alterações ao Código do Trabalho, salário mínimo, contagem de tempo de serviço e reposição de rendimentos e direitos.

Marcelo Rebelo de Sousa está a ouvir os partidos parlamentares esta quarta e quinta-feira sobre o ano eleitoral que se aproxima e, segundo Jerónimo de Sousa, começou por fazer uma análise da situação do país. Na sequência disso, o PCP falou “das razões justas de muitos dos conflitos” que hoje existem na sociedade portuguesa, dizendo que “é preciso atender às causas e dar resposta a problemas estruturantes” do país e das pessoas.

A contagem do tempo de serviço dos professores foi um dos temas levantados pelo Presidente da República e o PCP não se fez rogado: “Respondemos com a ideia de que devia ser concretizado o normativo do reconhecimento da contagem do tempo integral dos professores que se mantém no Orçamento do Estado”. E insistiu que, caso o Governo volte a aprovar o decreto que limita o reconhecimento a um período de pouco mais de dois anos – e o Presidente da República o promulgue -, o PCP pedirá a apreciação parlamentar para tentar “alargar os seus horizontes e os seus objectivos”.

Recebidos antes em Belém, os Verdes tinham sinalizado pela positiva o que foi conseguido na actual legislatura: “Uma experiência nova na nossa democracia, que nos permitiu pôr completamente de parte uma política de verdadeiro massacre da direita sobre as pessoas”, disse Heloísa Apolónia, sublinhando que isso mostrou que “não há inevitabilidades em política, há sempre uma escolha possível para fazer”.

Sobre a data das legislativas, o PCP não apontou qualquer preferência, sinalizando apenas a necessidade de afastar os dois actos eleitorais. Mas antes, o PAN tinha defendido o dia 6 de Outubro e Os Verdes tinham referido também o dia 13 desse mês como possibilidade. Até lá, teremos “um ano político típico de véspera de eleições”, nas palavras de André Silva (PAN).

André Silva disse que o PAN já está a preparar as eleições europeias de 26 de Maio e que fará o anúncio relativo sobre o seu programa e lista durante a próxima semana.

Um dos temas centrais dessa candidatura, adiantou, será “a defesa do projecto e dos valores europeus, contra aquilo que se está a operar em todo o mundo, mas também na Europa, que é o ressurgimento da extrema-direita”.

“É com muita preocupação que vemos isso a ocorrer, ainda há dois meses vimos no parlamento alemão e no passado fim-de-semana com a eleição no parlamento andaluz de 12 deputados da extrema-direita”, afirmou aos jornalistas. “Vamos fazer esse bom combate do projecto e valores europeus contra os nacionalismos e os discursos fáceis e falaciosos anti-imigração”, sublinhou.

Sobre as suas expectativas para 2019, disse André Silva que “vai ser um ano político típico de véspera de eleições”. Ou seja, “é natural que exista um extremar de posições dos partidos no sentido positivo de afirmar as suas diferenças, haverá maior crispação política e haverá também, por parte de alguns sectores da sociedade, maior reforço das suas reivindicações”. Mas vê tudo isso como “perfeitamente normal”.

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