Juiz Joaquim Barbosa declara apoio a Haddad. Ciro Gomes recusa participar na campanha

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal confessou que Bolsonaro lhe “inspira medo”. Ciro faz vídeo a dizer que ninguém é obrigado a participar na campanha.

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Manifestação de apoio a Haddad, em São Paulo, na sexta-feira EPA/ANTONIO LACERDA
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Ciro Gomes não deu apoio explícito a Haddad JARBAS OLIVEIRA/EPA

Em contagem decrescente para a segunda e decisiva volta das presidenciais brasileiras, o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad, recebeu mais um importante apoio para a disputa contra Jair Bolsonaro. Joaquim Barbosa, antigo presidente do Supremo Tribunal Federal, publicou este sábado uma mensagem no Twitter, revelando que vai votar no “petista”. Mas não conseguiu o desejado apoio pessoal de Ciro Gomes.

Na véspera, aguardava-se que Ciro Gomes, derrotado na primeira ronda, também o fizesse, mas o candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT), de centro-esquerda esquivou-se. Colocou um vídeo na sua página no Facebook em que reconheceu saber que muitos preferiam que ele desse o apoio a Haddad, mas que “ninguém é obrigado a fazer campanha contra as suas convicções”. E assim se ficou.

Barbosa – que se filiou no Partido Socialista Brasileiro (PSB) e esteve muito próximo de ser o seu candidato à presidência do Brasil –, justificou a sua opção por Haddad com base no “medo” que o aspirante da extrema-direita lhe inspira. 

“Votar é fazer uma escolha racional. Eu, por exemplo, sopesei os aspectos positivos e os negativos dos dois candidatos que restam na disputa. Pela primeira vez em 32 anos de exercício do direito de voto, um candidato me inspira medo. Por isso, votarei em Fernando Haddad”, anunciou o ex-magistrado nas redes sociais.

Barbosa tinha sido um dos primeiros apoios procurados por Haddad logo a seguir à primeira volta, mas só agora se pronunciou.

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Na sexta-feira à noite, o ambiente era de grande expectativa no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, no estado do Ceará. Uma multidão de apoiantes de Ciro Gomes – que incluía Carlos Lupi (presidente nacional do PDT) e André Figueiredo (presidente estadual do partido) – dirigiu-se ao local para receber o ex-candidato, que passou as últimas duas semanas na Europa, e os jornalistas apinharam-se ali com a perspectiva de o ouvir oficializar o seu apoio a Fernando Haddad.

Ciro agradeceu o apoio – gritou-se “Ciro 2022” – mas não prestou quaisquer declarações durante o trajecto entre a zona de desembarque e o parque de estacionamento do aeroporto.

Apesar de o PDT já ter declarado um “apoio crítico” ao candidato do PT, Ciro Gomes ainda não o fez pessoalmente. Lula da Silva, a partir da prisão, arquitectou de forma a garantir que a sua candidatura não tivesse hipóteses de sair vitoriosa.

Numa entrevista à Rádio Super Notícia, de Minas Gerais, Haddad disse “ter a certeza” de que o “seu companheiro de longa data” iria “fazer uma declaração dura nesta recta final” e oficializar o seu apoio, mas essa tomada de posição tarda em chegar.

Em declarações aos jornalistas na sexta-feira, Carlos Lupi desvalorizou o silêncio de Ciro e recordou que a posição oficial do partido é clara. 

“Estamos aqui a denunciar o que representa o fascismo de Bolsonaro, o retrocesso, e a dar o ‘apoio crítico’ ao Haddad”, afirmou o dirigente do PDT, citado pelo Diário do Nordeste. “Agora, nós não estamos no segundo turno. Quem está no segundo turno é Haddad (...), quem tem que fazer a campanha é Haddad. Nós já declaramos o nosso apoio e vamos votar”, insistiu.

Ciro Gomes ficou em terceiro lugar na primeira volta das eleições presidenciais, com 12% dos votos – equivalentes a 13 milhões de eleitores –, tendo vencido apenas no estado do Ceará, onde estão as suas raízes políticas e do qual foi governador.

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