Ministério da Defesa investiga Polícia Judiciária Militar

Realização de auditoria extraordinária foi determinada ainda por Azeredo Lopes, mas não foi publicamente divulgada até agora.

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Auditoria foi lançada por Azeredo Lopes Rui Gaudencio

O Ministério da Defesa determinou, a 4 de Outubro último, a realização “de uma auditoria extraordinária aos procedimentos internos” da Polícia Judiciária Militar (PJM), na sequência da recuperação, em 18 Outubro do ano passado, do equipamento militar roubado aos Paióis Nacionais de Tancos, confirmou o PÚBLICO junto do Ministério da Defesa.

Embora não tivesse sido tornada pública, esta auditoria foi determinada pelo então ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, que acabou por se demitir no cargo a 12 de Outubro, após o seu gabinete ter sido envolvido na investigação à recuperação da armas, que levou à detenção do director da PJ Militar e outros elementos da PJM e da GNR, por encobrimento do alegado assaltante, também em prisão preventiva.

A auditoria lançada por Azeredo Lopes visa também apurar as “acções de prevenção e investigação criminal desenvolvidas e promovidas por aquele corpo superior de polícia criminal que sejam da sua competência ou que lhe sejam cometidas pelas autoridades judiciárias competentes”.

Segundo uma fonte oficial do Ministério da Defesa, o relatório da auditoria “deverá estar concluído até ao final do ano”.

No dia 25 de Setembro, a PJ e o Ministério Público detiveram o director da Polícia Judiciária Militar (PJM), Luís Vieira, no âmbito de uma investigação paralela à do roubo das armas nos paióis de Tancos.  Além do director da Polícia Judiciária Militar, foram detidas mais sete pessoas, incluindo outros três elementos da PJM, três da GNR e um suspeito civil que alegadamente terá sido autor do assalto a Tancos. Só o director da PJM e o civil ficaram em prisão preventiva, os restantes ficaram em prisão domiciliária.

Estão em causa os "crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, receptação, detenção de arma proibida e tráfico de armas", segundo um comunicado do Ministério Público.

Já a 3 de Outubro acabou também detido para interrogatório o antigo porta-voz da PJM, major Vasco Brazão, que tinha estado ligado à investigação do aparecimento das armas, mas que se encontrava em missão na República Centro-Africana.

Só após Brazão lhe ver aplicada a medida de coacção de prisão domiciliária, ficando assim concluída a primeira fase da investigação, é que Azeredo Lopes ordenou a realização deste inquérito.

Azeredo Lopes acabou por se demitir de ministro da Defesa a 12 de Outubro, tendo sido posteriormente substituído no cargo por João Gomes Cravinho.

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