Advogado de Ronaldo diz que documentos divulgados pelos media foram “fabricados”

Peter S. Christiansen, advogado norte-americano que irá representar Cristiano Ronaldo, se for acusado de violação, diz que os documentos foram roubados a sociedades de advogados por um hacker, que os vendeu a meios de comunicação com algumas partes adulteradas “ou completamente fabricadas”.

Foto
Reuters/MASSIMO PINCA

As razões que levaram o jogador Cristiano Ronaldo a celebrar um acordo e a pagar 375 mil dólares a Kathryn Mayorga, a norte-americana que o acusou de a ter violado em 2009, num hotel de Las Vegas, foram “distorcidas”. Quem o garante é Peter S. Christiansen, o advogado norte-americano que foi contratado para defender o jogador português na acção cível intentada pela ex-modelo. 

Num primeiro comunicado, divulgado na íntegra pela TVI, mas que também já constava no site da Gestifute, o representante legal do jogador de futebol alega que tudo o que aconteceu em Las Vegas foi “consensual” e que o pagamento a Mayorga não representa “uma admissão de culpa”.

“O que aconteceu foi simplesmente que Cristiano Ronaldo se limitou a seguir o conselho dos seus assessores no sentido de pôr termo às acusações ultrajantes feitas contra ele, a fim justamente de evitar então tentativas, como aquelas a que estamos a assistir agora, de destruição de uma reputação construída graças a um trabalho intenso (...). Infelizmente, vê-se agora envolvido no tipo de litigiosidade que é muito comum nos Estados Unidos” lê-se no comunicado, cuja proveniência foi confirmada ao PÚBLICO pelo escritório de Peter S. Christiansen, no Nevada, onde corre a acção cível contra o jogador da Juventus.

Não é a primeira vez que Cristiano Ronaldo nega as acusações de violação de que é alvo – já o fez uma vez, através de uma publicação no Twitter –, mas a mensagem foi agora reforçada pelo seu advogado. “Cristiano Ronaldo nega veementemente todas as acusações constantes da referida acção cível, em coerência com o que tem feito nos últimos nove anos”, lê-se no comunicado.

Na nota, Christiansen sustenta que os documentos “que supostamente contêm declarações do sr. Ronaldo e foram reproduzidos nos media são puras invenções”. O advogado refere-se aos documentos divulgados pela revista Der Spiegel — o acordo de confidencialidade e as respostas do jogador aos inquéritos a que foi sujeito no âmbito da respectiva mediação extrajudicial — e que diz terem sido roubados a sociedades de advogados por um hacker que os vendeu a meios de comunicação com algumas partes adulteradas “ou completamente fabricadas”.

Dizendo-se convencido de que “a verdade prevalecerá” e que as leis de Nevada “serão aplicadas e respeitadas”, o advogado de Ronaldo não revela qual será a estratégia da defesa. Segundo a acusação interposta num tribunal do Nevada, o jogador terá alegado no decurso deste processo que o sexo foi consensual e que as lesões que Kathryn apresentava no ânus terão sido provocadas por outra pessoa. Cristiano terá, aliás, sustentado, segundo o mesmo jornal, que, consumadas as relações sexuais, regressou à discoteca com Kathryn. 

O Correio da Manhã noticia esta quarta-feira que terá sido o Real Madrid, que acabara de contratar o jogador até então ao serviço do Manchester United, a pressioná-lo para assinar o acordo com a norte-americana, numa tentativa de abafar qualquer eventual escândalo em torno da sua mais recente aquisição. O PÚBLICO questionou o clube espanhol, mas não obteve qualquer reacção a esta alegação. 

A polícia de Las Vegas, por seu turno, já veio entretanto negar que as provas recolhidas quando Kathryn Mayorga foi apresentar queixa, nomeadamente o vestido e a roupa interior que envergava na altura, tenham desaparecido. Quem o sustentara fora o advogado da ex-modelo, Leslie Stovall. 

No início de Outubro, a polícia de Las Vegas anunciou que reabrira, no mês anterior, uma investigação a uma queixa de violação apresentada em 2009 por Kathryn Mayorga. Dias antes, a Der Spiegel escrevia que a ex-modelo tinha interposto um processo contra Ronaldo num tribunal do condado de Clark, no estado norte-americano do Nevada.

Por enquanto, Cristiano Ronaldo é visado apenas numa acção cível que pede a anulação do acordo de confidencialidade que pressupôs o pagamento de cerca de 323 mil euros a Kathryn e o acusa de vários crimes: agressão e abuso sexual, imposição intencional de sofrimento emocional, coacção e fraude, chantagem e conspiração, difamação, abuso de direito. Mas se for julgado e declarado culpado do crime de violação no âmbito de um processo penal, Cristiano Ronaldo arrisca uma pena de prisão perpétua. No estado do Nevada, as agressões sexuais são encaradas o crime mais grave logo depois do homicídio. 

Ao PÚBLICO Peter S. Christiansen recusou qualquer comentário adicional sobre este caso. No seu site, diz-se especializado em escrutinar todos os aspectos relacionados com acusações envolvendo violência sexual e violação e lembra que “infelizmente, sem uma defesa forte, é fácil que falsas alegações conduzam a condenações”.

“Lutamos para proteger os nossos clientes de acusações falsas”, sublinha, lembrando que as pessoas acusadas de violação correm o risco de uma severa condenação, “incluindo décadas na prisão e o risco de ficarem registadas como abusadoras sexuais”, podendo por isso “perder o direito de estar perto de crianças”. 

Sugerir correcção
Ler 16 comentários