FMI volta rever em baixa crescimento da zona euro

Fundo avisa que algumas das potências económicas mundiais já passaram do seu nível máximo.

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Christine Lagarde Reuters/ISSEI KATO

Preocupados com os impactos de uma escalada dos conflitos comerciais e colocados perante os resultados menos fortes do que o previsto do arranque de 2018, os responsáveis do Fundo Monetário Internacional confirmaram esta terça-feira a revisão em baixa da suas projecções para a economia mundial, um destino a que não escapa a zona euro e que pode servir como um sinal de alerta para os governos numa altura em que preparam os seus orçamentos para o próximo ano.

Nas previsões de Outono publicadas pelo Fundo, o crescimento antecipado para a economia mundial é agora de 3,7% este ano e no próximo, um valor que fica 0,2 pontos percentuais abaixo das projecções que tinham sido efectuadas em Julho.

O relatório explica que “os riscos negativos para o crescimento global cresceram nos últimos seis meses e o potencial para surpresas pela positiva diminuiu”, concluindo que a expansão da economia mundial se tornou agora “menos equilibrada e pode ter atingido o seu máximo em algumas das principais economias”.

A zona euro é uma dessas economias onde esse pico já pode ter passado. O Fundo antecipa um crescimento de 2% este anos, retirando 0,2 pontos percentuais à anterior previsão, e um novo abrandamento para 1,9% em 2019.

Para Portugal, o FMI reafirma as projecções que já tinha feito quando publicou o relatório anual sobre o país, colocando por isso a economia nacional como uma das que, dentro da zona euro, mais abrandará no próximo ano, passando de um crescimento claramente acima da média europeia este ano (2,3% contra 2%) para um regresso a taxas de crescimento baixo da média (1,8% contra 1,9%).

Para o governo português, que está a menos de uma semana de apresentar a sua proposta orçamental, estas previsões de abrandamento constituem um alerta relativamente ao grau de optimismo que devem ter perante a conjuntura económica. No Programa de Estabilidade apresentado em Abril, o Executivo apontou para um crescimento de 2,3% em 2019, o mesmo resultado antecipado para o presente ano.

A concretização de um ritmo de crescimento económico mais lento do que o assumido como base pode ter um impacto negativo no nível de execução das receitas fiscais e de algumas das principais despesas com prestações sociais, nomeadamente o subsídio de desemprego, afectando a capacidade para atingir as metas do défice. Nos últimos três anos, a economia tem registado taxas de crescimento muito próximas e até mais altas que as assumidas pelo Governo nos cenários macroeconómicos dos seus orçamentos, um dos factores por trás do cumprimento das metas para o défice.

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