Professores: “As lutas feitas até aqui têm sido muito cor-de-rosa”

Durante a tarde desta sexta-feira, o PÚBLICO segue em reportagem na manifestação de professores, em Lisboa.

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Nuno Ferreira Santos/PÚBLICO
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Sentada no café do antigo cinema Império, à espera que os colegas que vão chegando à Alameda de vários pontos do país engordem uma manifestação por enquanto ainda só com várias centenas de professores, Isabel Oliveira vai deitando contas à vida. A docente de Português de Mem Martins tem 27 anos de serviço e ganha 1300 euros líquidos, em vez dos 1700 que podia auferir se visse contado o tempo de serviço na íntegra, como acha que devia ser. Já não tem esperança de se aposentar com uma reforma de jeito.

“É como se me tivessem tirado o meu balão de oxigénio”, compara. “Sou professora por gosto, mas quando entro na sala de aula não consigo ter entusiasmo. Não valorizam o nosso trabalho. Depois esqueço-me disso e dou a aula”. Ao lado, uma colega de História de 50 anos explica que está pior ainda: “Dou aulas desde os 23 e ganho 1100 euros. Só entrei no quadro de zona há quatro anos e apanhei com o congelamento”, lamenta. “A minha irmã nem acredita: pensa que lhe digo que ganho mal para terem pena de mim”.

Casada com um militar, Isabel Oliveira pensa que chegou a hora de avançar para formas de protesto mais radicais do que as empregues até aqui pelos principais sindicatos, FNE e Fenprof. “As lutas feitas até aqui têm sido muito cor-de-rosa”, critica, numa referência ao facto de a greve às avaliações não ter sido decretada para os anos de fim de ciclo senão por uma estrutura sindical de menor dimensão, o Stop.

Que fazer então? “Podemos estar na sala de aula sem leccionar conteúdos, em greve de zelo”, equaciona. “O nosso objectivo não é prejudicar os alunos. Mas a luta tem de ser efectiva”.

Lá fora o barulho começa a fazer-se sentir. Colegas na cabeça da manifestação seguram um cartaz com o tempo de congelamento: nove anos, quatro meses e dois dias. O protesto vai começar.

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Ao centro na imagem, Mário Nogueira da Fenprof segura um cartaz com uma das palavras de ordem da manifestação Nuno Ferreira Santos/PÚBLICO

São dez os sindicatos representados nesta manifestação que reúne 20 mil professores (segundo a estimativa da PSP) e que chega, por esta hora (16h30), ao Martim Moniz. As palavras de ordem estão nos cartazes, nos autocolantes e na voz: "O tempo é para contar, não é para apagar", "Centeno e Brandão, não ao apagão" e "Se a educação é cara, qual será o custo da ignorância?".

Em declarações ao PÚBLICO, Mário Nogueira da Fenprof diz que os professores irão até onde for preciso para fazerem valer aqueles que consideram ser os seus direitos, incluindo novas greves e recurso aos tribunais. Por outro lado, já têm a promessa dos grupos parlamentares de uma análise do diploma legal do tempo de serviço e de serem recebidos por Marcelo Rebelo de Sousa.

Para explicarem aos turistas a razão do seu descontentamento, os organizadores do protesto estão a distribuir um folheto em quatro línguas: português, inglês, francês e espanhol. Há muitos turistas na Baixa que aproveitam para fotografar a manifestação, que se aproxima agora do Terreiro do Paço (16h55).

No final da manifestação desta sexta-feira, Mário Nogueira revelou que os professores vão levar a cabo várias acções de luta ao longo do primeiro período, que se poderão estender para os períodos seguintes.

Os docentes tencionam iniciar uma greve nacional às reuniões para que forem convocados caso elas não se encontrem previstas na componente não lectiva do seu horário – designadamente reuniões de conselho pedagógico, conselho de departamento e conselho de docentes. Esta paralisação incluirá ainda as reuniões de avaliação intercalar dos alunos, caso a actividade lectiva não seja interrompida para esse efeito. Será ainda convocada greve a actividades lectivas que se encontrem marcadas na componente não lectiva de estabelecimento do horário dos professores, tais como o apoio a grupos de alunos.

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