Partido Trabalhista aprova moção que admite novo referendo sobre o "Brexit"

Horas depois de o ministro-sombra para a saída do Reino Unido da UE ter declarado que “permanecer na UE é uma opção”, a proposta do Partido Trabalhista foi aprovada por maioria.

A proposta foi aprovada de forma "avassaladora", esta terça-feira
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A proposta foi aprovada de forma "avassaladora", esta terça-feira Reuters/HANNAH MCKAY
Alguns congressistas aplaudiram de pé o discurso do ministro-sombra para a saída do Reino Unido da UE
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Alguns congressistas aplaudiram de pé o discurso do ministro-sombra para a saída do Reino Unido da UE LUSA/WILL OLIVER

A moção do Partido Trabalhista que admite a realização de um novo referendo sobre o "Brexit" foi aprovada de forma "avassaladora", esta terça-feira, no congresso que está a decorrer desde o fim-de-semana em Liverpool. Segundo o jornal The  Guardian, é possível contar com os dedos das mãos os congressistas que votaram contra.

O ministro-sombra do Labour para a saída do Reino Unido da UE, Keir Starmer, declarou que o Partido Trabalhista irá rejeitar qualquer acordo não inclua a permanência dos benefícios económicos existentes e a garantia dos direitos dos trabalhadores. Segundo Starmer, o “falhanço” de May parece cada vez mais plausível: “Se Theresa May pensa que navegaremos num acordo vago, pedindo-nos que saltemos vendados para o desconhecido, pode pensar novamente”.

"Se uma eleição geral não for possível, teremos de ter outras opções em aberto. É correcto o Parlamento ter a primeira palavra, mas se precisarmos de quebrar o impasse, as nossas opções incluem um novo referendo, e permanecer na UE é uma opção", disse Starmer. Esta última declaração, sobre a hipótese de permanência na UE, não se encontra no comunicado do partido, tornando evidente as diferenças internas. A afirmação gerou também um grande alvoroço no auditório, sendo o ministro-sombra presenteado com aplausos de pé.

Keir Starmer referiu ainda que “há um sentido de unidade na proposta”, que pretende comparar com o que irá acontecer na próxima semana, no congresso do Partido Conservador. “Se até terça-feira houver uma proposta com a qual todos concordaram, ficarei surpreendido. Mas é isso que acontecerá com o Labour”, disse. Às 17h40, 20 minutos após o que estava agendado no programa do congresso, as previsões de Starmer tornaram-se realidade: segundo o The Guardian, foi possível contar pelos dedos das mãos quem rejeitou a moção, que passou de forma “avassaladora”.

O ministro-sombra das Finanças e segunda figura do Labour, John McDonnell, que declarou que o novo referendo não deveria avaliar a “permanência do Reino Unido na UE”, afirmou agora que Keir Starmer "está certo". "Temos todas as opções em cima da mesa", disse o responsável, citado pelo The Guardian.

Segundo a BBC, também o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, que declarou que um novo referendo seria opção de último recurso, comprometeu-se a respeitar a decisão tomada no congresso. “São essas as palavras da moção, apoiada pelo comité executivo e pelo gabinete-sombra, e é isso que está em causa no congresso. Foi por isso que Keir [Starmer] o disse”, afirmou à Sky News, quando questionado se apoiava as palavras de Starmer.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, respondeu às declarações de Starmer ao dizer que “o Labour irá opor-se a qualquer acordo, independentemente dos seus benefícios para o Reino Unido”. May, que se encontra em Nova Iorque, onde irá marcar presença na Assembleia Geral das Nações Unidas, acusou ainda o partido de “aceitar qualquer proposta da UE, o que não é do interesse nacional”. “O que [os Tories estão] a fazer é do interesse nacional”, reforçou à Sky News.

No comunicado após a “vergonha” da Cimeira de Salzburgo (onde o “plano Chequers” foi rejeitado por Bruxelas), a primeira-ministra britânica reagiu às críticas ao dizer que vai manter-se fiel à sua alternativa, "mesmo que isso signifique sair sem acordo", o que, a seis meses do divórcio, parece um cenário cada vez mais plausível.

O plano de May é alvo de críticas também por parte da ala eurocéptica do Partido Conservador, que encara o pós-Brexit como semelhante à situação anterior à saída.

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