Trump na ONU: "Irão quer enriquecer-se e espalhar o terror pela região"

No arranque da sessão da Assembleia-Geral da ONU, António Guterres, secretário-geral da ONU, salientou a importância de evitar situações de guerra, alterações climáticas e os desafios impostos pela tecnologia (do terrorismo à exploração sexual).

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“O nosso mundo está a sofrer um distúrbio de défice de confiança”, diagnosticou António Guterres, secretário-geral da ONU, durante a sessão de abertura da Assembleia Geral, onde os líderes mundiais apresentam as suas prioridades nesta terça-feira.

Guterres pediu ainda aos chefes de Estado de todo o mundo, “os guardiães do bem comum”, como os apelidou, que se comprometessem com “uma cooperação estratégica” para que possam evitar situações de guerra, como as que deflagram na Síria e Iémen.

Também o clima esteve na lista de preocupações de Guterres: “As alterações climáticas avançam de forma mais rápida do que nós.” “Precisamos de ouvir os melhores cientistas do mundo” sobre o tema, aconselhou ainda.

As alterações no âmbito do trabalho e os desafios impostos pela tecnologia — e a forma como é usada por terroristas e para a exploração sexual — foram outros dos pontos tocados pelo secretário-geral no seu discurso.

O Brasil é um "país muito melhor" hoje, diz Temer

Michel Temer, o Presidente brasileiro, foi o primeiro chefe de Estado a discursar. Falou sobre intolerância, a crise migratória e questões como o tráfico humano, de droga e outras formas de crime transnacional.

No seu último discurso na tribuna das Nações Unidas, Temer falou ainda sobre democracia, a duas semanas das eleições presidenciais no Brasil. “Uma alternância no poder é a essência da democracia”, afirmou. “Irei entregar a presidência ao meu sucessor com a paz de espírito de ter cumprido a minha tarefa.” Nas palavras de Michel Temer, o Brasil é agora um país “muito melhor” do que quando entrou para a presidência.

Donald Trump congratula-se pela "economia florescente dos EUA" e apela ao isolamento do Irão

Donald Trump chegou atrasado — Lenín Moreno, Presidente do Equador, tomou-lhe o lugar. E logo no início do discurso vangloriou-se pelo que conseguiu em dois anos de presidência. “Em menos de dois anos a minha Administração já conseguiu mais do que qualquer Administração na história do nosso país, os Estados Unidos”, disse. A audiência riu-se.

Trump não percebeu a piada, mas esboçou um sorriso: "Não esperava essa reacção, mas está bem". Continuou: "A economia dos EUA está a florescer." "Conseguimos a construção de um muro e aumentámos a segurança das fronteiras", lista. No entender do Presidente, os EUA são agora mais fortes e um “país melhor” do que há dois anos.

“Os mísseis já não voam em todas as direcções.” Foi assim que Donald Trump começou por descrever as actuais relações entre os EUA e a Coreia do Norte, depois da reunião entre os dois países em Junho, em Singapura. Disse que as conversações com a Coreia do Norte eram um incentivo à paz, mas salvaguardou que “as sanções continuarão até que a desnuclearização aconteça”.

Focando atenções no Médio Oriente, Trump dá como maior vitória a retirada do Daesh — grupo “sedento de sangue”, como o descreveu —, dos territórios que ocupavam no Iraque e na Síria. Os objectivos dos EUA são agora conter a escalada de violência na região e o “respeito pela vontade do povo da Síria”. No entanto, deixa um aviso ao líder sírio: se Assad usar armas químicas, os EUA vão responder.

As baterias viraram-se logo a seguir para o Irão. Já se previa que Donald Trump apertasse o cerco sobre os iranianos, o que acabou mesmo por acontecer — e o Presidente norte-americano não poupou críticas. Descreveu o país como uma "ditadura corrupta", que "não respeita os vizinhos, as fronteiras" ou os "direitos soberanos das Nações". "Querem apenas enriquecer-se e espalhar o terror pela região." Condenou o acordo nuclear de 2015 e pediu aos outros países que isolassem economicamente o país. Como exemplo, pediu que não lhe comprassem petróleo, com o argumento de que servirá apenas para "financiar mais matança". 

“Ninguém mais se vai aproveitar dos EUA”, atirou Trump, com os olhos postos na China. “Não vamos permitir que os nossos trabalhadores sejam vitimizados”, acrescentou referindo a seguir as taxas aduaneiras que impôs sobre produtos de importação chinesa. 

Donald Trump virou-se a seguir para instituições internacionais. Condenou o Conselho dos Direitos Humanos da ONU por “proteger os abusadores dos direitos humanos” enquanto acusa o Tribunal Penal Internacional de não reconhecer a “legitimidade” da soberania norte-americana.

Falando da situação na Venezuela e do “sofrimento, corrupção e decadência” que se geraram com o socialismo, Trump anunciou novas sanções sobre o país da América Latina a partir desta terça-feira.

“Rejeitamos a ideologia do globalismo e adoptamos o patriotismo”, afirmou Trump enquanto apelava aos outros países para fazerem o mesmo. Cada país deve proteger-se a si próprio, “tornar-se grande outra vez” e manter a sua soberania porque essa é a base da democracia, repetiu ao longo do discurso. No entanto, contradisse-se quando acabou a sua intervenção com uma nota sobre a riqueza gerada "pela constelação de nações" com assento nas Nações Unidas. "Deus abençoe as Nações do mundo", disse, a encerrar.

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