Michael Kors prepara-se para comprar Versace

O acordo acontece num momento em que os conglomerados de luxo norte-americanos tentam crescer num mercado que continua a ser dominado pelos grupos europeus.

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Donatella Versace no final do desfile da semana da moda de Milão, nesta segunda-feira Reuters/Stefano Rellandini

O grupo de moda Michael Kors Holdings Ltd vai assumir o controlo da italiana Versace num acordo que pode valorizar a empresa em dois mil milhões de dólares (1,70 mil milhões de euros), confirmam fontes próximas do processo, nesta segunda-feira.

O acordo acontece num momento em que os conglomerados de luxo norte-americanos, incluindo a Tapestry, rival da Michael Kors, proprietária da Coach e Kate Spade, tentam crescer num mercado que continua a ser dominado pelos grupos europeus, como o LVMH, detentor da Louis Vuitton.

Michael Kors, cuja marca homónima é mais conhecida pelas suas carteiras em pele, não faz segredo da sua ambição de aumentar o seu portefólio de marcas de luxo, depois de ter adquirido a britânica Jimmy Choo por 1,2 mil milhões de dólares (1,02 mil milhões de euros), o ano passado.

A Versace é uma das marcas italianas considerada como um alvo atraente pelos grandes grupos, numa altura em que os consumidores chineses se viram para as marcas de luxo ocidentais e escolheram esta como uma das suas preferidas. 

Embora a Michael Kors e a Versace não comentem esta aquisição, Donatella Versace, irmã do falecido fundador e designer Gianni Versace, que é também directora artística e vice-presidente do grupo com sede em Milão, agendou uma reunião da empresa para esta terça-feira, com o intuito de anunciar a venda.

Em 2014, a Blackstone, uma multinacional com sede em Nova Iorque, comprou uma participação de 20% da marca italiana para financiar a expansão. Depois disso, a Blackstone achou o desempenho do grupo de moda decepcionante e “gradualmente persuadiram a família a reflectir sobre uma possível venda, apresentando-lhes uma série de possíveis compradores, incluindo a Michael Kors”, acrescentou uma fonte à Reuters.

Então, outros mostraram-se interessados na compra do grupo italiano, incluindo a francesa Kering, que considerou o preço de venda muito elevado. “Eles não sentiram necessidade de investir tanto dinheiro noutra marca de moda italiana”, aponta a mesma fonte. A Kering não comenta.

Como parte do acordo, a Blackstone sai da empresa italiana, enquanto a família Versace, proprietária do resto da casa de moda, manter-se-á. A Blackstone recusou-se a comentar.

A Versace não divulga os detalhes financeiros, mas documentos depositados na Câmara de Comércio italiana mostram que o grupo registou vendas de 668 milhões de euros e lucros (antes de juros, impostos, depreciação e valorização) de 44,6 milhões de euros. O ano passado, a marca teve um lucro líquido de pouco menos de 15 milhões de euros, contra uma perda líquida de 7,9 milhões de euros no ano anterior.

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