Frente Comum ameaça abandonar as negociações com o Ministério das Finanças

Estrutura sindical exige que o Governo apresente propostas concretas "por escrito" e não abdica de aumentos salariais na função pública em 2019.

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Ana Avoila, dirigente da Frente Comum, exigem aumentos de 4% na função pública ENRIC VIVES-RUBIO

A Frente Comum ameaça deixar o Governo a falar sozinho nas negociações para o Orçamento do Estado (OE) de 2019, caso não receba uma resposta “por escrito” ao caderno reivindicativo que entregou ao executivo em Julho e onde exige aumentos salariais de 4% para a função pública.

A estrutura saiu da reunião desta quinta-feira com a secretária de Estado da Administração Pública, Fátima Fonseca, sem qualquer proposta de aumentos salariais para o próximo ano, tendo apenas recebido a garantia de que na próxima semana lhes será enviado um documento com as matérias pecuniárias que irão constar no OE para 2019.

Ana Avoila, dirigente da Frente Comum, exige que o Governo apresente uma contraproposta ao seu caderno reivindicativo e deixa uma ameaça: “Se não apresentarem uma proposta por escrito à proposta reivindicativa que entregámos em Julho, não vamos lá mais [às reuniões no Ministério das Finanças]?. A negociação é feita com base em propostas concretas”.

"Este ano queremos aumentos de salários na função pública", frisou a sindicalista, acrescentando que a estrutura sindical ligada à UGT não irá desistir de exigir uma actualização de 4%, com 60 euros no mínimo para cada trabalhador. Se isso não acontecer, "as consequências ficam para o Governo", avisou Ana Avoila, adiantando que a Frente Comum vai "mobilizar os trabalhadores para lutarem até que o Governo veja que tem de fazer aumentos dos salários".

Segundo adiantou, não ficou marcada uma nova reunião, mas a secretária de Estado terá garantido que o próximo encontro acontecerá "antes de 5 de Outubro". 

Esta é a segunda ronda negocial com os três sindicatos da Administração Pública. A primeira reunião teve lugar a 6 de Setembro e o Governo também nada adiantou quanto à possibilidade de haver aumentos, concentrando os argumentos no impacto que o descongelamento das progressões tem nas contas públicas.

No próximo ano, o Governo conta gastar 647 milhões de euros com as medidas em curso o que, na sua perspectiva, se traduzirá em aumentos salariais para a generalidade dos trabalhadores do Estado. “Este valor significa que, em média, os actuais trabalhadores da Administração Pública terão um aumento ao longo de 2019 de mais 3,1% face a 2018”, referia o Ministério das Finanças num comunicado.

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