No campeonato do Pontal, a direcção do PSD ficou em último lugar

Rui Rio entrou em campo lesionado da perna direita, marcou dois golos e falhou um penálti. A culpa pode ter sido de um tal Santana L., que andava por ali e distraiu a equipa.

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Rio explicou a prestação insuficiente no relvado: "Não jogava há mais de 20 anos" LUSA/Luís Forra
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Aviso: qualquer semelhança desta crónica com a realidade política é pura coincidência. A direcção nacional do PSD ficou em último lugar no minicampeonato organizado pelo próprio partido para a Festa do Pontal 2018. Em último não, corrige Rui Rio: “Em quarto lugar” de quatro equipas.

“É um bom resultado, um bom convívio”, resume o presidente do PSD entre sorrisos. Até porque a leitura dos resultados exige sempre fazer contas: “Se aplicarmos o quociente idade, cada golo que marcaram os mais novos deve ser multiplicado por 0,6 ou 0,7”, explicou o economista aos jornalistas. 

Rui Rio, dono da camisola 7 desta equipa, entrou em campo lesionado na perna direita, falhou um penálti, mas ainda marcou dois golos no primeiro jogo. Sem sucesso, já que ganhou o Conselho Estratégico Nacional.

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No segundo jogo, o capitão da equipa acabou por passar o tempo quase todo no banco. Fernando Negrão, Carlos Moedas, Poiares Maduro, Morais Sarmento, Carla André, Lina Lopes e Maló de Abreu (este ora árbitro, ora guarda-redes) bem se esforçaram para vencer a equipa de militantes algarvios, mas o jogo foi a penáltis e… ganharam os segundos. Talvez porque alguns jogadores da direcção estavam distraídos com um pólo branco que por ali andava, um número 7-sombra tatuado nas costas, de seu nome Santana L. Era o repórter do Canal Q, que fazia rir toda a gente.

Na flash interview, Rui Rio explicou o que correu mal: “Não jogava há mais de 20 anos, admito que a última vez que joguei tenha sido no Pontal, em 1996.”

O antigo atleta, corredor de 100 metros, de 61 anos, hoje sofre de um problema no joelho direito e reconhece que “o arranque já não é fácil”. Desvalorizou a falha do penálti – “a bola não entrou”, mas “na política já marco golos há muito tempo” –, a retracção no campo, em que jogou como médio ofensivo – “na política tenho de ser ponta-de-lança” – e todos os obstáculos que a equipa enfrenta – “tenho sofrido rasteiras ao longo da vida, mas ultrapasso sempre os obstáculos”.

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Terá sido boa ideia pôr social-democratas a jogar contra social-democratas? Agora é o próprio Rio que mistura futebol e política: “Se forem divergências genuínas e sinceras, temos de aceitar porque estamos em democracia. Mas se forem divergências tácticas – e esses eu conheço-os à distância desde pequeninos –, fingindo que o fazem em nome da liberdade de expressão, a coisa já é mais feia, não é bonito”.

Agora mais a sério, o jogo serviu para fazer team building. Mas era preciso mudar tão radicalmente a Festa do Pontal? Houve duas razões, explicou o líder: “Uma razão financeira, porque o partido está com problemas e não seria sério gastarmos dinheiros em festas quando devemos aos fornecedores, e a segunda é que, assim, a festa é muito mais genuína, com as pessoas da terra. Há quem encha camionetas e comboios e depois meta as pessoas numa sala para fazer um bom boneco para as televisões e fazer um discurso”. Não era o caso.

Rentreé? Houve sortie?

O convívio propriamente dito mais parecia uma festa de freguesia, com febras e frango, batatas fritas de pacote e cerveja de barril, no pequeno e bucólico espaço da Fonte Filipe, na localidade de Querença, sem rede de telemóvel ou internet. Cerca de cinco centenas de pessoas, na esmagadora maioria do Algarve, amontoaram-se nas filas para os comes e bebes, disputaram as sombras e os bonés brancos com as letras PSD.

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Só não lhe chamem rentreé, pede Rui Rio. “A expressão não tem pés nem cabeça, para haver rentreé era preciso ter havido uma sortie [saída], e não houve”. “Lá porque estive um mês fora da televisão, não quer dizer que tenha estado fora da política. Não estamos só a trabalhar quando estamos na televisão, bem pelo contrário”, diz. Mas confessa que parou quase três semanas e esteve a trabalhar noutra iniciativa, “essa de âmbito nacional, que é a Universidade de Verão” do PSD. E para aí estará a reservar o verdadeiro discurso de arranque do ano político.

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Por agora, o Pontal é só isto. Música popular ao som de João Kovac, o “bailho” do grupo etnográfico da Cortelha, discursos dos dirigentes regionais. Para o que Rio quer, folclore chega. Mas nem a dançar o corridinho se saiu muito bem.

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