Santana Lopes quer ser “alternativa” ao PS

Ex-líder do PSD diz que o seu novo partido é de “gente normal”.

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Santana contra oposição reverencial Nuno Ferreira Santos

Sem críticas directas à direcção do PSD, Pedro Santana Lopes assume que quer “trabalhar para uma alternativa e não entrar em litígio com os partidos do centro-direita". Em entrevista esta noite à SIC, o ex-líder do PSD reitera que o bloco central é um “erro” e critica "o temor reverencial” da oposição para com o PS.

Na sua primeira entrevista televisiva desde que anunciou a criação de um novo partido, Santana Lopes recusa vir a dar “a mão ao Governo” do PS num cenário futuro de pós-legislativas e assume-se antes como alternativa aos socialistas. “Não me preocupa que o comboio do PS provoque um atraso noutro comboio. Preocupa-me quem quer entrar no comboio do PS”, disse, defendendo que a Aliança quer construir uma alternativa, "diminuir o peso do Estado e a carga fiscal".

Assumindo que se continua a considerar um “social-democrata”, o adversário de Rui Rio nas últimas directas do PSD lembrou o mal-estar vivido no partido sobre a forma como o líder faz oposição ao Governo. “Há muita gente a dizer ‘que estratégia é esta?’. Mas ele foi eleito e eu respeito”, disse.

Reiterando que é um “erro qualquer forma de bloco central”, Santana Lopes admite que se tiver de se coligar com um partido será com os que “estão mais próximos”, mas não os nomeou. “Se for buscar votos à abstenção, sou um homem feliz", disse.

O ex-primeiro-ministro criticou o “beija-mão à Merkel”, mas também a atitude “reverencial” que existe para o actual chefe de Governo. E tomou como sua uma frase dita por António Costa, na rentrée do passado sábado: “Ninguém pode estranhar que queira ter, que a Aliança queira ter, o melhor resultado possível”. Quando o que se discute na oposição” é a "que distância os partidos estão do PS”, Santana deixa uma mensagem afirmativa: “Eu vim para ganhar ao dr. António Costa e ao PS. Se os outros não querem é lá com eles”.

Reconhecendo que o seu novo partido não arrastou figuras de peso do PSD ou do CDS, Santana Lopes diz que não andou “a bater à porta de ninguém” e que não quis “fazer uma cisão”. Afinal, diz, a Aliança é feita de “gente comum, common people [pessoas comuns], gente normal”. O partido terá militantes e simpatizantes mas não obrigará ao pagamento de quotas.

"Cara velha"?

Sem revelar objectivos eleitorais – “não venho por um dígito, venho para disputar” –, o ex-líder do PSD reiterou que não será candidato às eleições europeias, como o PÚBLICO noticiou, mas não revelou ainda o nome do cabeça de lista. Já sobre as legislativas, Santana admite que é “natural” ser candidato. O que garante é que o seu novo projecto "não tem nada a ver com dependência política". Outro dos argumentos que rebateu foi o de ser uma figura antiga na política portuguesa: "Se dizem que é uma cara velha por que se incomodam?"

Segundo os dados adiantados pelo fundador, a Aliança já conseguiu metade das assinaturas exigidas pelo Tribunal Constitucional (são 7500), em semana e meia desde o início da recolha, para permitir a sua formalização.

Santana assumiu que falou com o Presidente da República e lhe disse que a sua ideia de criar um novo partido resultou de "uma convicção pessoal", mas quis evitar referir-se à despedida de Rui Rio depois de ser pública a intenção de sair do PSD. Mas acabou por admitir que o líder do PSD não o tentou demover da ideia de abandonar o partido em que militou 40 anos: “Mesmo que tivesse tentado não conseguia.”

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