Ministro acusa construção ilegal pela rápida propagação dos fogos

Panos Kammenos, responsável pela pasta da Defesa, enfrentou a fúria das pessoas afectadas pelas chamas em Mati. "Deixaram-nos morrer", acusam.

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Panos Kammenos é do partido Gregos Independentes REUTERS/Alkis Konstantinidis/Arquivo

O ministro grego da Defesa, Panos Kammenos, disse à BBC que a construção ilegal na zona dos incêndios que mataram 85 pessoas contribuiu para o desastre.

Kammenos explicou que na zona litoral do Mar Egeu, muitos gregos construíram casas de férias entre o pinhal, o que disse ser "um crime" pois a consequência foi o bloqueio das rotas de fuga, como explicou ao PÚBLICO um especialista em desastres naturais grego.

A área estava densamente construída sobretudo com casas de férias, erguidas ilegalmente ao longo das décadas e sem um arruamento mapeado. Em muitas zonas as ruas são estreitas e qualquer obstáculo impede a saída dos carros.

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Vista aérea de Mati após a destruição pelas chamas Antonis Nicolopoulos/Eurokinissi via REUTERS

O ministro visitou a zona ardida nesta quinta-feira e enfrentou a fúria dos locais. "Deixaram as pessoas morrer. Deixaram-nos à mercê de deus", disse uma pessoa em Mati, povoação que ficou praticamente toda destruída pelo fogo.

Outros queixaram-se por terem recebido indicações para se dirigirem para o mar, mas não tiveram apoio para levar as pessoas mais idosas e que se movimentam com mais dificuldade.

Panos Kammenos, que pertence ao partido Gregos Independentes (direita populista e nacionalista), que pertence ?à coligação liderada pelo Syriza do primeiro-ministro Alexis Tsipras, rejeitou qualquer responsabilidade deo Governo.

Nesta quinta-feira continuava a operação para encontrar "dezenas" de desaparecidos. Os fogos nesta região litoral da Ática fez 200 feridos, alguns dos quais em estado grave. Não se conhece o número exacto de desaparecidos.

Os relatos de pessoas desesperadas que desconhecem o paradeiro de algum familiar enchem a imprensa grega. Um dos mais divulgados é o que diz respeito ao caso de duas irmãs gémeas de nove anos, que no meio da fuga com os avós se perderam dos pais. Podem ter sido filmadas num dos barcos usados por sobreviventes para fugir, mas não há certeza de serem elas. Ainda não foram encontradas.

Os familiares e amigos das vítimas começam agora a identificar os corpos, mas a intensidade do fogo dificulta o reconhecimento.

As chamas começaram na segunda-feira ao fim da tarde, não se sabe ainda o que causou os incêndios. A vegetação, os ventos fortes e as suas mudanças de direcção foram uma combinação fatal.

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