Universidade não encontra registo de trabalhos que deram mestrado a Pablo Casado

O novo líder do Partido Popular está a ser investigado por causa do seu currículo. Juíza quer imagens de conferência de imprensa em que explica como fez o mestrado.

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Pablo Casado, 37 anos, foi eleito líder este fim-de-semana Reuters/JAVIER BARBANCHO

Desde que assumiu a liderança do Partido Popular (PP) espanhol, as informações sobre o “caso do mestrado” de Pablo Casado não param de aparecer. A Universidade Rey Juan Carlos disse à juíza que está a investigar o caso que não consta que Casado tenha apresentado os trabalhos de avaliação a quatro cadeiras do mestrado em Direito Público que o político diz ter concluído.

Na polémica sobre o seu currículo, Casado disse ter tido equivalência a 18 das 22 cadeiras do mestrado e que as restantes tinham sido avaliadas através de trabalhos.

Segundo o El Independiente, a universidade diz ainda que não tem registo de emails, correio ou qualquer outro tipo de comunicação que prove que Casado tenha entregue esses trabalhos à universidade. Não consta também “nenhum rasto documental que evidencie a sua contribuição no curso académico de 2008-2009”.

Porém, àquele jornal acrescentam fontes oficiais da universidade que “não há obrigação de registar ou arquivar os trabalhos” dos alunos, já que estes deveriam ser guardados pelos professores. Isso foi então pedido ao director do Instituto de Direito Público que atribui o mestrado, Enrique Álvarez Conde, e à professora Alicia López de los Mozos, que estava na secretaria do instituto.

Fontes próximas do PP dizem ao El Mundo que se certificaram que Casado entregou os trabalhos e que a universidade não está obrigada a guardar os documentos, a não ser os de fim de mestrado — dizem, aliás, que nenhum instituto o faz.

É também noticiado esta terça-feira que estão a ser investigadas outras três alunas do mesmo curso de mestrado, havendo igualmente dúvidas sobre o seu trabalho académico. Há ainda suspeitas de que a universidade poderá ter facilitado a inscrição de estudantes para inflacionar o número de matrículas e conseguir mais fundos públicos para a instituição.

Entretanto, a juíza que investiga o caso pediu à televisão RTVE que lhe forneça imagens de uma conferência de imprensa em que Casado explica como fez o mestrado, em Abril, depois de o El País ter noticiado que o líder do PP não se lembrava se tinha frequentado aulas. Na altura mostrou uns cadernos de 15 a 20 páginas, mas não os exibiu em detalhe, recorda o El Mundo.

Pablo Casado foi eleito líder do PP este fim-de-semana, subindo do cargo de vice-director de comunicações. Advogado de 37 anos, diz-se defensor de uma “direita descomplexada” e não se coibiu de, durante a campanha, repetir palavras-chave clássicas do campo conservador: “Deus, pátria, família. Espanha, segurança, vida”, nota o jornal El País.

O processo no qual Casado está a ser investigado judicialmente implica Cristina Cifuentes, antiga presidente da Comunidade de Madrid, que acabou por abandonar o cargo devido ao escândalo. O diploma de Cifuentes tinha assinaturas falsificadas. Em relação a Casado, as dúvidas recaem sobretudo sobre o processo de equivalências à maioria das cadeiras do curso, estando o seu caso ainda a ser investigado.

A imprensa espanhola tem esmiuçado o currículo de Casado, e descobriu que menções de cursos ou posições em prestigiadas universidades norte-americanas foram claramente empoladas (programas de duas semanas apresentados como “pós-graduações”; um dos programas fora feito em Espanha e não nos EUA; apresentar-se como visiting professor quando tinha sido conferencista num programa de dez semanas para jovens da América Latina, por exemplo).

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