Greve dos enfermeiros com adesão de 70 a 90%

Enfermeiros reclamam a contratação de mais profissionais para fazer face à mudança do horário de trabalho, que passa de 40 horas semanais para as 35 horas a partir de domingo. Há cirurgias canceladas em vários hospitais.

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fabio augusto

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) anunciou nesta quinta-feira "uma adesão extremamente elevada" à greve nacional que convocou, apontando números entre 70% e 90% em várias unidades de saúde.

Falando aos jornalistas à porta do Hospital de S. José, em Lisboa, o presidente do sindicato, José Carlos Martins, afirmou que naquela unidade a adesão à greve atingiu 90,3%, enquanto no hospital de S. João, no Porto, 79% dos enfermeiros não foram trabalhar. O sindicalista afirmou ainda não dispor de números globais da greve, os quais serão divulgados mais tarde.

Depois de várias greves selectivas marcadas ao longo do último mês e meio, o SEP agendou para esta quinta-feira uma paralisação nacional que começou às 8h e termina às 24h para pedir a contratação de mais enfermeiros para compensar a passagem do regime de 40 para 35 horas semanais a partir de domingo.

A dirigente do SEP, Guadalupe Simões, disse à agência Lusa que se não forem contratados mais enfermeiros "pode ser posto em causa o regular funcionamento dos serviços", em que os enfermeiros já trabalham "sistematicamente mais 40 e 60 horas do que é o seu horário" para compensar a "carência estrutural de profissionais".

O SEP espera que a greve "seja mais uma vez uma demonstração clara que tem que haver uma inversão por parte do Ministério da Saúde e do Governo" porque "não há quem aguente isto por muito mais tempo".

À espera de contratações

A partir de 1 de Julho os enfermeiros com contrato individual de trabalho vão voltar às 35 horas semanais de trabalho em vez das 40 actuais, o que, segundo as contas do SEP implica que serão precisos "1976 enfermeiros" para compensar a redução de horas destes profissionais para manter tudo a funcionar.

No entanto, a dias da mudança, continuam por confirmar as contratações pedidas pelas instituições que deviam já estar asseguradas "para que a transição pudesse acontecer com o menor ruído possível".

Mesmo que se confirmem até ao fim da semana, "os profissionais vão começar a trabalhar sem períodos de integração" e "é uma incógnita o que se vai passar na próxima semana", alertou.

Cirurgias canceladas no Algarve

A greve desta quinta-feira está a provocar o cancelamento de cirurgias nos hospitais do Algarve, registando-se uma adesão de 100% em vários serviços. "Durante a manhã foi cancelada a totalidade das cirurgias programadas nos hospitais do Algarve, registando-se uma adesão de 100% nos serviços de pneumologia, medicinas 1 e 3, cardiologia, neonatologia e pediatria", indicou à agência Lusa Nuno Manjua do SEP, durante uma concentração de enfermeiros à porta do hospital de Portimão.

No Alentejo, a maior adesão à greve é de 85% no hospital de Évora e a menor é de 35% no hospital de Beja, disse, por seu lado, o coordenador da Direcção Regional do Alentejo e dirigente nacional do SEP, Edgar Santos. No hospital de Évora, várias valências estão a funcionar com serviços mínimos de enfermagem, como as urgências, as consultas externas, o internamento e o bloco operatório, onde "cirurgias programadas foram adiadas e só se realizam as de urgência", indicou.

No Porto, "a taxa de adesão é significativa, por exemplo no Hospital de São João ronda os 79%, na Unidade Local de Saúde de Matosinhos é de 71,5% e na Póvoa ronda os 95%", especificou Fátima Monteiro, também dirigente do SEP. Os blocos de cirurgia programada "estão quase todos encerrados, por exemplo no Hospital de Santo António".

 

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