Bombas de Assad dão origem a novo êxodo, desta vez em Deraa

Ofensiva militar no Sudoeste da Síria já levou à fuga de pelo menos 45 mil pessoas em direcção à vizinha Jordânia. Número de mortos ultrapassa os 40.

Deslocados de Deraa descansam antes de retomar viagem para sul
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Deslocados de Deraa descansam antes de retomar viagem para sul Reuters/ALAA AL-FAQIR
Civis levam aquilo que podem para a Jordânia
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Civis levam aquilo que podem para a Jordânia Reuters/ALAA AL-FAQIR
Bombardeamentos de Assad sobre uma vila da província de Deraa
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Bombardeamentos de Assad sobre uma vila da província de Deraa Reuters/ALAA AL-FAQIR

A operação militar liderada pelas forças leais ao Presidente Bashar al-Assad, sobre os territórios rebeldes da província de Deraa, está a provocar um novo êxodo de civis na Síria, desta vez no Sudoeste do país. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), pelo menos 45 mil pessoas abandonaram a região e puseram-se a caminho da Jordânia.

Iniciada no passado dia 19 de Junho, a ofensiva do exército de Assad entrou esta semana numa fase de redobrada violência, com bombardeamentos constantes nos arredores da vila de Basr al-Harir – cuja queda poderá dividir as facções rebeldes em dois grupos e facilitar a tomada da região pelo regime.

“Pelo menos 200 ataques aéreos e 150 ‘bombas-barril’ atingiram Basr al-Harir esta manhã [terça-feira], ao mesmo tempo que as forças governamentais avançam sobre a vila”, conta à Al-Jazira Jihad Hamza, um activista apoiante da oposição a Assad.

Desde o início da operação de reconquista de Deraa, Quneitra e Sweida – onde se calcula que residam perto de 1 milhão de pessoas – ao Exército Livre da Síria, já morreram pelo menos 41 pessoas e mais de 100 ficaram feridas. 

“Entre os mortos, pelo menos 27 são civis, incluindo cinco crianças e nove mulheres”, relata àquela cadeia televisiva o jornalista Lawrence Adam. “Se a comunidade internacional não reagir rapidamente, assistiremos a uma catástrofe muito brevemente”, acrescenta.

Esta terça-feira o Programa Alimentar Mundial da ONU informou que os 45 mil deslocados podem vir a aumentar nos próximos dias. A agência já enviou perto de 30 mil rações de comida para a Jordânia, mas diz-se preparada para duplicar este número, face à intensificação do conflito, escreve a Reuters.

Deraa foi um dos principais bastiões do início da rebelião contra Assad, em 2011. A sua localização delicada, perto das fronteiras com a Jordânia e Israel, obrigou o regime a gerir a sua situação com pinças, tendo mesmo incluído a região na lista de territórios onde se previa uma redução da escalada de tensão, conforme negociado com Estados Unidos, Rússia e Jordânia, em 2017.

A opção pela ofensiva militar em Deraa foi justificada por Bashar al-Assad, no início do mês de Junho, com o falhanço das negociações com vista a uma política para a região.

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