A fitinha de Macron

Foi preciso coragem para o jovem se dirigir directamente a Macron. Demonstrou uma saudável irreverência que deveria ser encorajada em vez de reprimida.

A arrogância pomposa de Emmanuel Macron ficou à vista no vídeo em que o Presidente francês dá um sermão de protocolo e moral a um rapaz de treze anos que o saudou amistosamente, tratando-o por Manu.

É um bullyzinho todo franciú que está ali todo emproado a dizer ao rapaz para o tratar por senhor Presidente ou senhor. Macron ainda voltou atrás para dizer ao pobre adolescente que tirasse um curso e começasse a ganhar um ordenado antes de fazer críticas.

A fita de Macron é ridícula - fica-se, de facto, com vontade de rir dele - mas também é estúpida. Ser saudado informalmente por um ser humano de treze anos é uma raridade. Tentar humilhá-lo publicamente é uma maldade e uma deselegância. Toda a gente sabe que o jovem e Macron não estão no mesmo nível. Não é preciso invocar o sagrado código republicano para lembrar que o rapaz ainda não tem idade para votar enquanto Macron é o reverendíssimo Presidente da República Francesa.

É precisamente por causa da diferença de prestígio que Macron deveria ter recebido a saudação com a mesma simpatia com que foi feita. Foi preciso coragem para o jovem se dirigir directamente a Macron. Demonstrou uma saudável irreverência que deveria ser encorajada em vez de reprimida.

O ralhete sobranceiro de Macron demonstrou que o homem afinal é muito inseguro. Basta o à-vontade de expressão de um jovem para ferir a delicada sensibilidade do grande estadista. O adolescente mostrou-se mais bem educado do que o Presidente. Eu cá sei o que lhe teria respondido.

 

 

 

 

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