Rio quer ser “colaborante” e “acutilante” com o Governo

Líder do PSD diz que propostas do partido servem o país em caso de ganhar ou de perder eleições.

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A intervenção de Rio ocorreu no encerramento das jornadas do PSD, na Guarda MIGUEL PEREIRA DA SILVA/LUSA

Foi com frieza que Rui Rio foi recebido na sala onde estavam os deputados à espera do encerramento das jornadas parlamentares e foi só quando começou a endurecer o tom contra o Governo que recebeu as primeiras palmas. O líder do PSD deixou o recado sobre a receita que vai aplicar mesmo contra "ventos e marés": Será "colaborante" mas "acutilante" com o Governo. Até porque – como admitiu – as propostas em que o PSD está a trabalhar vão para o programa eleitoral e servirão o país num cenário de vitória de eleições ou de derrota.

A intervenção de Rio no encerramento das jornadas do PSD, que terminaram esta terça-feira, num hotel da Guarda, só suscitou um forte aplauso dos deputados quando atacou o Governo ao dizer que o "discurso do milagre económico é uma aldrabice política".

"Durante o primeiro ano 2016 embalados no pós-troika foram dizendo que estava mal mas agora está muito bem. Eles não fizeram nada por isso. O discurso era à boleia do que era feito antes e depois pela conjuntura económica", afirmou. Este era um dos quatro pontos em que Rio considerou que o Governo merece ser criticado até porque "80% dos portugueses já perceberam isso". Os outros aspectos apontados incidiam sobre os combustíveis e os professores. "O Governo não falou verdade nos combustíveis e nos professores", afirmou, acrescentando que o PSD não faz oposição para “empurrar o Governo para a irresponsabilidade e populismo de dar aquilo que não pode dar, mas sim para falar verdade”.

Depois das "falhas" do Governo, Rio adiantou que outros documentos idênticos ao do incentivo à natalidade, sobre justiça, a zona euro e o interior vão ser preparados pelo Conselho Estratégico Nacional. O objectivo é integrar no "programa eleitoral quer ganhemos eleições quer eventualmente não ganhemos eleições", afirmou, defendendo que não vale a pena propor uma medida ou duas, mas sim propostas que perdurem no tempo. "Se não formos a liderar, é para empoderar o país com as medidas com o nosso apoio e solidariedade, para que efectivamente essas medidas possam, no seu conjunto, actuar", afirmou.

No remate do discurso, o líder do PSD deixou clara a sua estratégia de oposição. "Vamos ser construtivos e colaborantes em tudo aquilo que só com outros pode ser feito. Devemos ser acutilantes nas críticas ao Governo e devemos ser sérios e competentes nas propostas", explicitou. Foi a receita que aplicou em toda a sua "vida pública". "A receita que sempre deu resultado, pode ser que um dia não dê. Uma receita que apliquei contra ventos e marés", disse, tendo recebido no final um aplauso de pé dos deputados.

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