Iulia Skripal quer regressar à Rússia apesar do envenenamento

Filha do ex-espião Sergei Skripal afirmou que o envenenamento, cuja autoria é atribuída a Moscovo, alterou profundamente a sua vida.

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Iulia Skripal esteve 20 dias em coma Reuters/DYLAN MARTINEZ

Iulia Skripal, que foi envenenada no Reino Unido juntamente com o pai, o ex-espião e agente duplo russo Sergei Skripal, admite que a tentativa de assassínio mudou a sua vida mas que pretende, no longo-prazo, regressar ao seu país natal, a Rússia.

O Governo britânico responsabilizou Moscovo pela utilização de uma arma química, da gama Novichok, em território britânico para tentar matar os Skripal, o que gerou uma das maiores crises diplomáticas dos últimos anos entre as potências ocidentais e a Rússia.

“O facto de ter sido usado um gás neurotóxico para fazer isto é chocante”, disse Iulia em declarações exclusivas à Reuters. “A minha vida foi totalmente alterada”.

Iulia, de 33 anos, esteve 20 dias em coma depois de ter sido envenenada, mas acabou por recuperar. O pai, Sergei, teve alta hospitalar no dia 18 de Março.

Este caso abriu um conflito diplomático entre o Ocidente e a Rússia, suspeita de ter estado envolvida no envenenamento de Skripal. Washington, Londres e Berlim acusaram o Kremlin de ter patrocinado o primeiro ataque com uma substância neurotóxica na Europa desde da II Guerra Mundial, mas Moscovo sempre negou ter ligações ao caso.

Os EUA expulsaram mais de 100 diplomatas russos e Putin retaliou na mesma moeda, expulsando diplomatas americanos. O mesmo aconteceu com o Reino Unido e, em solidariedade com Londres, 20 Estados ocidentais seguiram-lhe o exemplo e expulsaram diplomatas russos.

“Acordei com as notícias de que fomos ambos envenenados”, continua Iulia. “Enquanto me tento adaptar às mudanças devastadoras que me foram impostas, físicas e emocionais, levo um dia de cada vez e tento ajudar o meu até à sua recuperação total”, explicou. “No longo-prazo espero regressar ao meu país”.

Sergei Skripal é um coronel retirado que serviu nos serviços de informação do Exército russo e que foi condenado a uma pena de prisão de 13 anos, em 2006, por transmitir a identidade de agentes secretos russos a operar na Europa aos serviços secretos britânicos.

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