Antigo espião Serguei Skripal teve alta hospitalar

Antigo agente de Moscovo, de 66 anos, foi envenenado com uma poderosa substância neurotóxica, mas recuperou. A filha, de 33 anos, tinha saído do hospital há um mês.

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Sergei Skripal numa imagem de 2006 LUSA/YURY SENATOROV

Serguei Skripal, antigo espião russo envenenado em Inglaterra com um gás neurotóxico, recebeu alta do hospital, anunciaram nesta sexta-feira os serviços de saúde britânicos.

Serguei Skripal, de 66 anos, e a filha, Iulia, foram encontrados inconscientes em Salisbury, cidade do Sul de Inglaterra, a 4 de Março.

Este caso abriu um conflito diplomático entre o Ocidente e a Rússia, suspeita de ter estado envolvida no envenenamento de Skripal. Washington, Londres e Berlim acusaram o Kremlin de ter patrocinado o primeiro ataque com uma substância neurotóxica na Europa depois da II Guerra Mundial, mas Moscovo sempre negou ter ligações ao caso. Ainda assim, os EUA expulsaram mais de 100 diplomatas russos e Putin retaliou na mesma moeda, expulsando diplomatas americanos. O mesmo aconteceu com o Reino Unido e, em solidariedade com o Reino Unido, 20 Estados ocidentais seguiram-lhe o exemplo e expulsaram diplomatas russos.

As análises independentes feitas nos laboratórios da Organização para a Proibição das Armas Químicas confirmaram que o veneno usado faz parte do Novichok, um grupo de venenos criado na União Soviética nas décadas de 70 e 80.

O Novichok é uma arma química de quarta geração, que se apresenta sob a forma de um sólido – um pó ou uma pasta grossa –, que não seria detectável pelos instrumentos usados pelas tropas da NATO. Trata-se de um produto químico que perturba os mecanismos que transferem mensagens do cérebro para os músculos, bloqueando a actividade de uma enzima, chamada acetilcolinesterase. As vítimas sofrem espasmos musculares contínuos, que levam a que tenham convulsões, dificuldade em respirar, podendo morrer por asfixia.

Skripal é um coronel retirado que serviu nos serviços de informação do Exército russo e que foi condenado a uma pena de prisão de 13 anos, em 2006, por transmitir a identidade de agentes secretos russos a operar na Europa aos serviços secretos britânicos.

Pai e filha entraram em contacto com a substância química quando tocaram na maçaneta da porta da casa onde os dois moravam. Iulia acabou por ter alta a 9 de Abril.

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