Num derby sem golos perdeu o Benfica e venceu o FC Porto

Graças ao empate em Alvalade, caso se mantenha o cenário de igualdade pontual no final da próxima jornada, é o Sporting que termina a Liga em segundo. O título já mora no Dragão.

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Benfica não perdeu mas saiu cabisbaixo de Alvalade LUSA/ANTONIO COTRIM

Terá sido um dos derbies lisboetas mais saborosos da história do FC Porto. Sem saírem do sofá, os “dragões” assistiram ao empate a zero no Estádio de Alvalade e seguiram para os festejos do seu 28.º título de campeões nacionais após o apito final em Lisboa. Na capital, o resultado serviu ao Sporting para ficar em vantagem na luta pelo segundo lugar no final do campeonato e para se aproximar da hipótese de devorar aproximadamente 20 milhões de euros, se conseguir manter pelo menos este cenário na última ronda (joga na Madeira, com o Marítimo) e ultrapassar as duas eliminatórias de acesso à Liga dos Campeões.

Os euros eram o grande factor de interesse deste derby, já que o ponto que faltava ao FC Porto para recuperar a coroa de campeão, que lhe fugia há cinco anos, parecia uma mera questão de horas ou dias. Era também um derby no qual se lutava pelo orgulho, depois de uma das épocas mais quezilentas na história do futebol português. E, neste particular, as duas equipas corresponderam às expectativas.

Mais o Benfica, por tudo o que fez na primeira metade para chegar ao triunfo, acabando por não ser feliz. Mas também o Sporting, que confirmou uma ponta final de época de grande nível, iniciada exactamente com o despontar de uma grave crise caseira. Bruno Carvalho ousou criticar duramente os jogadores após a derrota frente ao Atlético de Madrid, na capital espanhola, e de uma forma bastante retorcida acabou por obter resultados no relvado.

Terá sido também um derby de prováveis despedidas, com alguns dos seus protagonistas nos últimos anos a caminho de outras paragens ou ainda com o futuro incerto, como são os casos dos próprios Jorge Jesus e Rui Vitória nos bancos das duas equipas. No Sporting, poderão ainda sair William Carvalho, Bryan Ruiz e o capitão Rui Patrício.

E dizer que o guarda-redes “leonino” foi o elemento em destaque nos 45’ iniciais da partida de Alvalade, revela muito sobre a primeira metade do encontro. Ao ponto de o empate a zero bolas ser bastante lisonjeiro para a equipa da casa.

Num conjunto de grandes intervenções, Rui Patrício travou o golo dos “encarnados” e voltou a piscar o olho ao Nápoles, um destino bastante provável para o dono das redes da selecção nacional na próxima temporada (nas palavras do próprio presidente do clube italiano), depois de 12 ao serviço da equipa principal dos lisboetas.

O que também quer dizer que o Benfica preparou bem a lição antes de entrar desinibido no relvado do rival. Obrigado a marcar em Alvalade (um empate a zero deixava-o atrás do rival em caso de empate entre as duas equipas na classificação final), o conjunto de Rui Vitória não se fez rogado, nem ficou na expectativa.

Pelo contrário, com Rafa particularmente inspirado, os visitantes quase festejaram o primeiro golo logo aos 8’, quando o ex-bracarense, com um toque subtil, desviou a bola de Patrício para a levar caprichosamente a embater na base do poste esquerdo da baliza sportinguista. De resto, o poste foi outro salva-vidas dos “leões”, que o viram evitar mais uma vez o golo dos visitantes, desta vez numa “defesa” a meias com o guarda-redes, aos 38’.

Do outro lado voltava a estar Rafa, que voltou a lamentar a sorte após um remate frontal bem colocado, que obrigou Rui Patrício a aprimorar-se. Na sua frente, a linha defensiva da casa insistia em errar, muitas vezes caindo no engodo das movimentações do adversário.

O Sporting entrava nervoso na partida e, apesar de lutar muito no meio-campo, foi pouco acutilante no ataque, salvando-se um cabeceamento de Fábio Coentrão ao lado e já aos 40’. Jorge Jesus pode, mesmo assim, queixar-se de uma grande penalidade não assinalada, aos 16’, na sequência de um livre estudado, onde Mathieu foi puxado por Rúben Dias. Oito minutos antes também os “encarnados” tinham pedido o castigo máximo, considerando que Patrício derrubara Rafa no tal lance inaugural de perigo da partida.

Os “leões” melhoraram na segunda metade, afinaram-se defensivamente, mas mantiveram-se tímidos e desinspirados no ataque. A partida ficou mais equilibrada, mas não mais bem jogada. O resultado servia o principal interesse do Sporting nesta fase, que é a possibilidade de discutir a entrada na Liga dos Campeões.

Sem nada a perder, Rui Vitória ainda tirou da cartola o recuperado Jonas para os últimos dez minutos do encontro, mas desta vez o melhor marcador da equipa, que tanta falta fez nas quatro partidas em que esteve lesionado (duas derrotas e duas vitórias alcançadas nos descontos), nada pôde fazer para acender a luz em Alvalade.

Depois de quatro títulos consecutivos, o Benfica estendeu a passadeira vermelha ao FC Porto e resta-lhe agora vencer na última jornada (em casa, com o Moreirense) e esperar por um deslize dos “leões” na Madeira para ainda recuperar o segundo lugar. Uma conjuntura que pode valer 40 milhões de euros aos cofres da Luz.

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