Netanyahu mostra documentos que diz provarem que Irão tem programa nuclear secreto

Primeiro-ministro israelita disse ter tido acesso a milhares de documentos que provam que Teerão deu continuidade ao programa de construção de armas atómicas. Apresentou alguns.

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Netanyahu socorreu-se de uma apresentação para revelar parte das provas Reuters/AMIR COHEN

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse nesta segunda-feira ter “provas” de que o Irão manteve ao longo dos últimos anos um projecto de desenvolvimento de armas nucleares secreto “para uso futuro”. Garantiu que Israel está na posse de centenas de milhares de documentos, fotografias e vídeos que demonstram que Teerão mentiu quando disse que não tinha ambições nucleares e que violou o acordo que assinou em 2015.

Apoiando-se numa apresentação powerpoint, o primeiro-ministro israelita disse que o Irão intensificou esforços para esconder os documentos sobre este programa em locais altamente secretos em Teerão. Netanyahu afirmou que os serviços secretos israelitas conseguiram ter acesso aos documentos ali guardados.

“Os líderes iranianos negaram repetidamente alguma vez terem procurado construir armas nucleares”, afirmou. “Hoje estou a dizer-vos uma coisa: o Irão mentiu”.

“Depois de assinar o acordo nuclear em 2015, o Irão intensificou os seus esforços para esconder estes documentos secretos”, acusou. “Em 2017, o Irão levou os seus documentos sobre armas nucleares para um local altamente secreto em Teerão”.

O chefe do Governo israelita assegurou que já partilhou a documentação com os Estados Unidos, que confirmaram a sua autenticidade, e que o irá fazer também com a Agência Internacional de Energia Atómica.

Na apresentação, o primeiro-ministro mostrou documentos, fotografias e vídeos que diz provarem que Teerão nunca parou de desenvolver o seu programa nuclear, e que tinha como objectivo criar cinco ogivas nucleares “para uso futuro”.

“E isto é apenas uma fracção de todo o material”, afirmou Netanyahu. “Porque é que um regime terrorista esconderia documentos sobre o programa nuclear?”.

Por isso, concluíu Netanyahu, o acordo nuclear assinado com o Irão em 2015 é “terrível” e “baseado em mentiras”. Mas, continuou, "dentro de dias o Presidente Trump vai decidir o que fazer com o acordo. Tenho a certeza que vai fazer o que é correcto”.

O acordo prevê uma suspensão das sanções ao Irão que, nos EUA, tem que ser renovada de três em três meses. No dia 12 de Maio, Trump vai decidir se renova a suspensão, sendo que tem defendido que se não forem feitas alterações ao texto de 2015, o abandona. Os signatários europeus (França, Alemanha e Reino Unido) tentaram convencer Trump a não o fazer, mas sem sucesso. 

De acordo com a imprensa israelita, a conferência de Netanyahu foi coordenada com Washington. Netanyahu terá conversado ao telefone no domingo com Donald Trump e o tema foi abordado na visita do novo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, a Telavive também no domingo. Pompeo deslocou-se à Arábia Saudita, Israel e Jordânia com a mensagem de que é necessário alterar o acordo nuclear com o Irão.

Nesta segunda-feira, o líder da organização de energia atómica iraniana, Ali Akbar Salehi, avisou, citado pela televisão estatal iraniana, que o Irão tem a capacidade técnica para enriquecer urânio a níveis superiores do que antes da assinatura do acordo nuclear em 2015.

Há duas semanas, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, tinha já dito que se os EUA saírem do acordo não estão a obrigados a cumpri-lo e podem voltar a produzir urânio enriquecido.

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