Manifestações na Nicarágua causaram 34 mortos em seis dias

O número de mortos pode aumentar nas próximas horas, porque há feridos em estado grave nos hospitais.

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Memorial pelas vítimas nas manifestações na Nicarágua LUSA/JORGE TORRES

A vaga de manifestações na Nicarágua, contra uma reforma da Segurança Social que já foi abandonada, causou 34 mortos em seis dias, indicou nesta quarta-feira num novo balanço do Centro Nicaraguense dos Direitos Humanos (CENIDH).

O número de mortos pode aumentar nas próximas horas, advertiu o organismo, cujo balanço anterior dava conta de 27 mortos.

No hospital encontram-se 66 feridos, 12 dos quais “em estado grave e nos cuidados intensivos”, e 16 pessoas continuam desaparecidas, precisou Marcos Carmona, do CENIDH.

A maioria dos mortos são estudantes, na origem do movimento de contestação à reforma, mas a organização não-governamental registou também dois polícias e um operador de câmara mortos.

“Condenamos a violência utilizada pela polícia e pelos seus grupos paramilitares contra jovens (que se manifestavam) por uma causa justa”, declarou Carmona.

“É um acto condenável, eles utilizaram franco atiradores. A maioria dos mortos foi atingida na cabeça, no pescoço e no peito”, afirmou, defendendo uma investigação às mortes e que se processem os responsáveis.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos também pediu às autoridades nicaraguenses uma investigação rápida, profunda, independente e transparente das mortes, enquanto a União Europeia, os Estados Unidos e o Vaticano criticaram a força excessiva utilizada pela polícia.

O presidente Daniel Ortega, um ex-guerrilheiro de 72 anos e que enfrentou uma onda de raiva sem precedentes desde a sua chegada ao poder há 11 anos, renunciou no domingo à controversa reforma da segurança social e na terça-feira libertou dezenas de estudantes detidos nas manifestações.

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