Autoeuropa vai aumentar produção dos T-Roc até Setembro

Fábrica de Palmela vai conseguir produzir mais dois T-Roc por hora antes dos novos turnos.

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dro daniel rocha

A Autoeuropa vai conseguir produzir mais dois T-Roc por hora até Setembro, graças a um aumento da capacidade das linhas ligadas à área de carroçarias.

A garantia foi dada pelo líder de gestão de produto e planeamento da fábrica da Volkswagen (VW) em Palmela, Markus Haupt, através do jornal da empresa. O objectivo, diz o gestor, é “fazer face às encomendas dos clientes”.

Neste momento, segundo as informações recolhidas pelo PÚBLICO, a Autoeuropa está a produzir cerca de 26 a 27 T-Roc por hora (perto de 650 por dia, em três turnos), pelo que vai conseguir subir este número para 28 a 29 veículos, ou seja, mais 7,7%. O PÚBLICO enviou várias questões sobre este tema à empresa, que ficaram sem resposta.

O reforço da produção irá reflectir-se também nas exportações: em Janeiro, as vendas ao exterior do sector automóvel subiram cerca de 46% em termos homólogos, equivalente a cerca de 680 milhões de euros, devido essencialmente à Autoeuropa. A última estimativa conhecida da empresa apontava para a produção de cerca de 183.000 T-Roc este ano, de um total de cerca de 240.000 unidades (incluindo aqui o Sharan e Seat Alhambra), mais do que duplicando os valores de 2017.

O incremento da produção com mais dois veículos/hora surge depois da introdução de dois turnos fixos aos sábados, no início de Fevereiro, e que já dera um outro salto na montagem do novo modelo em termos de volume.

Após Agosto, a fábrica deve também conhecer um novo modelo laboral com a introdução de 19 turnos (hoje são 17), envolvendo os domingos e produção contínua, o que fará aumentar ainda mais a produção. Isso mesmo é dito pelo director de recursos humanos da fábrica de Palmela, Jurgen Haase, quando refere, na última edição da revista da empresa, que este ano haverá “a importante integração de um sistema de 19 turnos semanais”. O tema, no entanto, promete ser pouco pacífico, prevendo-se uma discussão que irá envolver também os sindicatos afectos à CGTP e à UGT, e forças políticas.

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Conjuntura de instabilidade

O gestor alemão assumiu funções em Agosto, fase do início da produção do veículo utilitário desportivo em Palmela e de instabilidade laboral. Nesse mês, a Comissão de Trabalhadores (CT) em funções demitiu-se após o chumbo dos funcionários ao pré-acordo negociado com a administração, e marcou-se uma greve. Houve depois a eleições de outra CT, a que está actualmente em funções, e que viu também ser chumbado o seu pré-acordo.

Na sequência dos dois chumbos, a administração acabou por avançar com o novo esquema laboral, que inclui dois turnos aos sábados (com pagamento extra) além dos três aos dias de semana (que se iniciaram em Novembro), sem esperar por um consenso com os trabalhadores.

O actual regime laboral é visto como transitório (vigorando até Agosto), prevendo-se que as negociações entre a CT e a gestão para o novo esquema, com mais dois turnos e os domingos, tenham início a muito curto prazo. O PÚBLICO enviou também questões à CT, que ficaram sem resposta.

Recentemente, no início de Março, a CT e a administração conseguiram o acordo da maioria dos trabalhadores, este relativo aos aumentos salariais de 3,2% para este ano. Por marcar está ainda o plenário e referendo ligados ao abaixo-assinado que, apoiado por alguns trabalhadores, defendeu no início do ano a destituição da CT.

Apoios a creches a caminho

Com o arranque da laboração aos sábados na Autoeuropa, e no meio do conflito laboral entre trabalhadores e a gestão da fábrica liderada por Miguel Sanches, o Governo anunciou o alargamento do complemento de horário de creche (pensado para o prolongamento de horário aos dias de semana) junto das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).

Os apoios em causa correspondem a 1132 euros/mês por grupo de 15 crianças e 1509 euros/mês no caso de um grupo de 20 crianças. Para já, ainda nada chegou ao terreno, mas na passada sexta-feira houve novos passos nesse sentido, com a oficialização da adenda ao Compromisso de Cooperação para o Sector Social e Solidário 2017/2018.

No documento, assinado entre membros do Governos e entidades como a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade e a União das Misericórdias Portuguesas, defende-se a importância de haver um "reforço das respostas dirigidas à primeira infância". Isto para permitir “uma melhor conciliação da vida familiar e profissional nas situações em que os pais das crianças ou quem exerça as funções parentais trabalhem ao sábado, nomeadamente em regime de turnos”.

Nesse sentido, estabelece-se agora um “modelo específico” que salvaguarda situações como a da fábrica da VW em Palmela por via de “um complemento por funcionamento de creche ao fim de semana (sábado)”. Esta “experiência-piloto”, como é agora designada, vai vigorar, para já, até ao final do ano lectivo 2018-2019.  

De acordo com informações do Instituto de Segurança Social, já houve “cerca de 15 instituições sociais” localizadas no distrito de Setúbal que demonstraram interesse em abrir aos sábados com este tipo de apoios, no âmbito de um “contacto preliminar”.

“A medida será implementada no terreno logo que estejam reunidas as condições necessárias, designadamente a existência numa instituição de um número mínimo de utentes para funcionamento ao sábado (15 utentes)”, adiantou fonte oficial do ISS.

A meio de Março, o Centro Distrital de Setúbal da Segurança social disponibilizou à Autoeuropa, “por solicitação desta empresa”, o “nome e os contactos das instituições que confirmaram disponibilidade e autorizaram tal indicação, para que possa divulgar junto dos seus trabalhadores”.

Os dados mais recentes apontavam para 58 crianças que podiam ser alvo do complemento, mas não foi possível saber se todos os casos estão ligados a trabalhadores da Autoeuropa. “As crianças sinalizadas correspondem a crianças cujos pais manifestaram necessidade de prestação do serviço ao sábado junto das Instituições contactadas no levantamento. Não foi apurado o número de crianças cujos pais trabalham numa ou mais empresas em particular, dado que o que está em causa é a resposta a uma necessidade de conciliação da vida profissional e familiar comum a muitos trabalhadores que desenvolvem actividade ao sábado”, referiu mesma fonte do ISS.

O levantamento das necessidades efectuado na região incluiu, diz o ISS, “empresas, forças de segurança, bombeiros e hospitais”.

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