Marcada manifestação em Lisboa para este sábado contra furo de petróleo em Aljezur

A marcha vai partir da praça Luís de Camões e dirigir-se à Assembleia da República pela calçada do Combro, estando previstas intervenções dos organizadores e actuações musicais no largo de S. Bento.

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Mario Lopes Pereira

Uma manifestação a insistir no cancelamento do furo de prospecção de petróleo perto de Aljezur, vai juntar participantes de todo o país, de vários sectores e áreas políticas, no sábado, em Lisboa, anunciaram as entidades organizadoras.

A marcha vai partir da praça Luís de Camões e dirigir-se à Assembleia da República pela calçada do Combro, estando previstas intervenções dos organizadores e actuações musicais no largo de S. Bento.

Esta iniciativa é organizada por uma plataforma que congrega 32 das principais organizações portuguesas de ambiente e de defesa do património, nacionais e locais, movimentos cívicos, autarcas e partidos políticos.

O ponto de partida desta manifestação foi a posição comum tomada em Loulé, a 22 de Fevereiro, e subscrita por várias organizações, todas as associações empresariais do Algarve, a Região de Turismo, académicos e personalidades de vários quadrantes, assim como pela maioria dos presidentes de câmara do Algarve e do Sudoeste Alentejano, refere uma informação divulgada nesta quinta-feira.

O protesto visa a alteração da decisão de prolongar até final de 2018 o contrato de prospecção, pesquisa, desenvolvimento e produção de petróleo do consórcio internacional ENI/Galp em três concessões no oceano Atlântico, que incluem a realização de um furo de prospecção, em águas profundas, a cerca de 46 quilómetros de Aljezur.

"Esta decisão foi tomada pelo secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, a 08 de Janeiro deste ano e contraria a resolução anunciada pelo primeiro-ministro, António Costa, na conferência do Clima das Nações Unidas (COP22), em Marraquexe, em Novembro de 2016", de fazer evoluir a economia nacional para chegar a um modelo neutro em carbono até 2050, refere a informação.

Para os organizadores The Climate Reality Project em Portugal, a Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, a Tamera - Centro de Educação e Pesquisa para a Paz, a Climáximo e a Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP), "efectivamente, o Estado português cedeu perante as petrolíferas, sucumbindo à força de uma agenda poderosa".

"Vastas zonas costeiras e partes do território terrestre estão hoje infelizmente adjudicados a diversos consórcios que pretendem explorar petróleo e gás, à luz de uma lei com mais de 20 anos, em que se incentivava quem quisesse vir explorar hidrocarbonetos em Portugal, numa altura em que o país ainda não tinha despertado para a gravidade do aquecimento global", acrescentam as associações.

Recordam que, em 2016, durante a consulta pública, mais de 42 mil cidadãos manifestaram-se contra e apenas quatro a favor da concessão da ENI/Galp para perfurar o fundo oceânico ao largo de Aljezur, que também foi recusada pelos municípios do Algarve e Sudoeste Alentejano.

Os argumentos para a recusa da prospecção de petróleo na costa algarvia relacionam-se com o facto de "comprometer irremediavelmente a imagem internacional da região" e implicar riscos para toda a faixa costeira, ameaçando a riqueza ambiental e ecológica, nomeadamente os 'stocks' de peixe, colocando em causa as principais actividades económicas, como o turismo e a pesca.

As associações recordam que está a decorrer até segunda-feira uma consulta pública para decidir se o projecto de sondagem de petróleo ao largo de Aljezur deve ser submetido a procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA).

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