Zuckerberg ambiciona “proteger eleições em todo o mundo”

O fundador admite que os problemas da rede social são culpa sua.

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Apesar de rápido a admitir as suas falhas, não é por elas que o fundador do Facebook quer começar Reuters/LEAH MILLIS

O fundador do Facebook está a caminho de Washington, nos EUA, para duas audições esta semana sobre o papel da rede social na política. Já se sabe o que vai dizer na segunda intervenção, na quarta-feira.

“O erro foi meu, e peço desculpa. Eu comecei o Facebook, eu mando no Facebook, e eu sou responsável pelo que acontece aqui”, lê-se na primeira página do discurso que Zuckerberg preparou. Foi partilhado esta segunda-feira, pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.

O longo texto, que define o Facebook como “uma força positiva no mundo”, assemelha-se em muito ao discurso feito a semana passada, numa conferência de imprensa com jornalistas de todo o mundo. Em causa está a influência russa nas eleições presidenciais de 2016 e o caso recente envolvendo a Cambridge Analytica – uma consultoria de dados britânica que obteve dados de até 87 milhões de utilizadores, sem autorização. Foram usados em campanhas de manipulação política em todo o mundo, incluindo a que contribuiu para a vitória presidencial de Donald Trump, nos EUA.

Agora, o objectivo de Zuckerberg, destacado no discurso de sete páginas que tem planeado para quarta-feira, é convencer os reguladores norte-americanos que vai trabalhar para pôr o Facebook a “proteger eleições em todo o mundo”, porque “a prioridade é proteger a comunidade, mais do que maximizar o lucro”.

Apesar de rápido a admitir as suas falhas, não é por elas que o fundador do Facebook começa. Como já é habitual nas suas comunicações, Mark Zuckerberg abre o discurso a destacar a capacidade da plataforma para unir pessoas e amplificar a voz de quem precisa, antes de admitir as falhas recentes da sua rede social. Zuckerberg considera, por exemplo, que o Facebook foi fundamental para motivar pessoas a votarem nos seus países e a organizar movimentos sociais como a Marcha pelas Nossas Vidas (um protesto organizado pelos sobreviventes do tiroteio numa escola em Parkland, EUA, sobre a política de armas no país), e o #MeToo (uma expressão que ganhou visibilidade nas redes sociais e abriu portas às denúncias de casos de assédio sexual).

Para o fundador, porém, já não é suficiente. “Não basta conectar pessoas”, lê-se no discurso que redigiu. “Temos de garantir que as pessoas não estão a usar [o Facebook] para magoar pessoas ou espalhar informação de má qualidade.” Considera as tentativas de manipulação russa das eleições e o escândalo com a Cambridge Analytica exemplos óbvios das suas falhas.

Zuckerberg já anunciou algumas propostas para evitar novos problemas e vai referir-las de novo na quarta-feira. No futuro, os criadores de aplicações terão de assinar contratos que os obrigam a pedir, claramente, aos utilizadores da plataforma para aceder às suas publicações e dados. A única informação partilhada desde o início passa a ser o nome de utilizador, fotografia de perfil e email.

Além disso, o presidente executivo irá alargar a sua equipa de segurança e revisão de conteúdos, passando de 15 mil pessoas para 20 mil, e criar mais ferramentas para ajudar pessoas reais (e não robôs de propaganda) a partilhar opiniões políticas em debates saudáveis na rede social.

“Comecei o Facebook quando estava na universidade. Evoluímos muito desde então. Servimos mais de dois mil milhões de pessoas diariamente”, lê-se perto do final da intervenção que Zuckerberg tem planeada, antes de responder a perguntas. “Acredito firmemente no que estamos a fazer."

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