Guardas prisionais pedem "afecto" a Marcelo no tratamento das suas reivindicações

O chefe de Estado chegou ao estabelecimento prisional de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos, pelas 11h30, tendo-se dirigido de imediato ao local onde os guardas prisionais estão concentrados com faixas.

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Paulo Pimenta

Algumas dezenas de guardas prisionais explicaram nesta quarta-feira ao Presidente da República as suas reivindicações para o sector, acusando os responsáveis nacionais de "perseguição". Foi durante uma concentração junto ao estabelecimento prisional de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos.

"Somos muito maltratados pelo director-geral. Há uma perseguição feroz sem perceber como trabalhamos e em que condições é que trabalhamos. A ministra da Justiça tem empurrado para a frente e tem dito inverdades na comissão parlamentar ao dizer que o novo horário foi aprovado com os sindicatos. Não foi. Foi imposto pela Direcção-Geral [dos Serviços Prisionais]. É um horário que vem pôr em causa a segurança. Cada vez estamos mais sozinhos e há mais torres sem guardas. Preocupa-nos. Estamos no terreno a viver este drama", disse a Marcelo Rebelo de Sousa o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Jorge Alves.

Convocada pelo Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, a concentração reúne profissionais de vários estabelecimentos prisionais e decorre à porta da ala feminina do equipamento de Santa Cruz do Bispo, enquanto no interior o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa visita as instalações.

O chefe de Estado chegou de carro cerca das 11h30, tendo-se dirigido de imediato ao local onde os guardas prisionais estão concentrados com faixas que dizem: "O Corpo de Guardas Prisional saúda o Presidente da República" ou "Apelamos ao seu afecto para os problemas dos Guardas Prisionais", bem como "Guardas Prisionais-Aprisionados".

O dirigente sindical referiu ainda que o novo horário "não vai evitar as fugas, as agressões, e a circulação de telemóveis": "Com este horário vai haver uma redução significativa porque não vai haver guardas", assegurou.

Jorge Alves também não se mostrou convencido com o anúncio de que serão admitidos mais 400 guardas prisionais, apontando que "estão 600 para se aposentar e já faltam quase 1000 no quadro da Guarda Prisional".

"Estamos a pedir a intervenção e o carinho do senhor Presidente. Somos uma parte muito importante na reabilitação das pessoas", disse o presidente do sindicato, enquanto ao lado com bandeiras na mão, faixas e bombos, alguns guardas prisionais gritavam "Queremos ser ouvidos."

O facto de Marcelo Rebelo de Sousa estar a visitar este estabelecimento prisional também foi alvo de reparos. "A verdade é que não vai verificar a realidade do sistema e o que o comité da Tortura disse no seu relatório. Esta é uma cadeia de senhoras bem tratada. A realidade não é esta", disse Jorge Alves a Marcelo Rebelo de Sousa, tendo o Presidente da República assegurado que irá visitar outros espaços.

"Irei visitar outros estabelecimentos prisionais oportunamente. Muito obrigado pela vossa informação", referiu Marcelo Rebelo de Sousa antes de cumprimentar alguns dos guardas e de se dirigir para o interior do estabelecimento prisional.

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