Estação espacial chinesa reentra na atmosfera terrestre nas próximas horas

A última viagem desacelerou, mas aproximação à Terra permite afinar estimativas. Cientistas apontam para janela temporal entre a noite deste domingo e a madrugada de segunda.

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A primeira estação espacial lançada pela China, Tiangong-1, vai reentrar na atmosfera celeste nas próximas horas, a uma velocidade de 26 mil quilómetros por hora. A essa velocidade, a fricção transformará a estrutura, que está desocupada desde 2013 e que perdeu contacto com a Terra em 2016, numa bola de fogo que a levará a desintegrar-se. O resto da última viagem da estação transformada em detritos assemelhar-se-á a uma chuva de meteoritos, sem riscos de causar danos, garantem as autoridades chinesas.

Segundo as estimativas da Agência Espacial Europeia (ESA), a queda do módulo espacial deve acontecer até à noite de domingo. Há diversos sites que "oferecem" a possibilidade de acompanhar as estimativas da trajectória e do momento da reentrada. Porém, é preciso ter em conta que as dinâmicas atmosféricas e o facto de a estação se desintegrar apenas permitem estimar, com uma grande dose de incerteza, qual a hora e a localização em que a Tiangong-1 (que significa Palácio Celeste) volta ao planeta de onde foi lançada em 2011.

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A Tiangong-1 deve fazer a sua reentrada entre as latitudes 43ºN e 43ºS, diz a ESA, o que inclui a região da Europa em que se situa Portugal. Não há risco de danos e as latitudes acima ou abaixo daquelas indicadas estão excluídas, garante a agência ESA/Agência Espacial Europeia

A ESA publicou há dias um texto explicativo, em inglês, sobre as razões por que é difícil prever a hora e a localização exacta da queda. Um dos factores que mais contribuem para essa imprevisibilidade é o grau de incerteza que rodeia a previsão da densidade das camadas mais baixas da termosfera, lê-se nesse texto. A termosfera pertence aos níveis superiores da atmosfera terrestre.

"As previsões mais próximas da reentrada são possíveis, mas só quando um objecto é observado (...)", através de um radar ou telescópio, por exemplo. Porém, "mesmo que houvesse um conhecimento perfeito, qualquer fragmento resultante da fragmentação ocorrida durante a reentrada poderia espalhar-se de forma aleatória por uma faixa terrestre que pode atingir centenas de quilómetros de comprimento e algumas dezenas de quilómetros de largura (e é por isso que o risco de se atingir uma pessoa na superfície terrestre é muito, muito baixo", explica a agência.

Num comunicado divulgado no sábado, a ESA estabelece uma janela de tempo, entre domingo à tarde e a manhã de segunda-feira, explicando que a queda do Tiangong-1 desacelerou devido a uma meteorologia espacial mais tranquila.

Uma torrente de partículas solares deveria ter aumentado a densidade nas altas capas da atmosfera e acelerar a queda do laboratório espacial. Mas isso não ocorreu, sublinha a ESA, avançando que também persiste a incerteza sobre o lugar onde poderão cair os eventuais restos do módulo.

A 200km da Terra

Imagens do instituto Fraunhofer FHR, que está a acompanhar a queda da Tiangong-1 desde Bona, na Alemanha

Quando foi lançada, a "Palácio Celeste" tinha 8506 quilogramas de massa, 12 metros de comprimento e um diâmetro de 3,3 metros.

"As pessoas não precisam se preocupar", garantiu por seu lado o Departamento de Engenharia Espacial Tripulada da China (CMSEO) numa mensagem publicada na rede social WeChat. Estruturas espaciais deste tipo "não caem na Terra violentamente como nos filmes de ficção científica", garante a mesma entidade. A probabilidade de uma pessoa ser atingida por um objecto espacial de mais de 200 gramas é de uma em 700 milhões, acrescenta a agência espacial chinesa.

Na quinta-feira, o instituto Fraunhofer FHR divulgou uma imagem da estação em queda, quando se encontrava a menos de 300km de altitude. 

A imagem que foi divulgada é na realidade uma composição feita a partir de duas imagens diferentes, obtidas pelo sistema de Rastreamento e Imagem por Radar (TIRA, em inglês) do instituto de investigação Fraunhofer FHR, em Wachtberg, perto da antiga capital alemã, Bona. Diz a ESA que o sistema que permitiu obter tais imagens quando a estação se encontrava a 270 quilómetros de altitude “é dos mais poderosos” do mundo. 

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