Dois portugueses na mais temida etapa da VOR

Arranca na madrugada deste domingo a sétima ligação da Volvo Ocean Race que contará com um percurso de 7.600 milhas náuticas entre Auckland, na Nova Zelândia, e Itajaí, no Brasil

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Frederico Melo voltará a estar a bordo do Turn the Tide on Plastic Jesus Renedo

É uma das mais míticas ligações de regatas offshore e é, sem dúvida, a mais temida etapa da 13.ª edição da Volvo Ocean Race (VOR). Ao início da madrugada deste domingo, os sete VO65 que competem na prova de circum-navegação por equipas vão zarpar de Auckland, na ilha norte da Nova Zelândia, rumo a Itajaí, município brasileiro localizado no estado de Santa Catarina. Pela frente, as tripulações terão 7.600 milhas náuticas (cerca de 14.000km) através dos inóspitos, frios e turbulentos mares do Pacífico Sul, numa etapa que passará pelo Cabo Horn, o ponto mais meridional da América do Sul, conhecido como o “fim do Mundo”. A Scallywag, segunda classificada na perna anterior, voltará a contar com António Fontes, enquanto a Turn the Tide on Plastic, equipa com bandeira das Nações Unidas e de Portugal, terá a bordo Frederico Melo.

Mais de 44 anos depois de o Sayulla II, um veleiro Swan 65 comandado por Ramón Carlin, ter festejado em Portsmouth, no sul de Inglaterra, a vitória na primeira edição da Whitbread Round the World Race, competição que em 2005 foi rebaptizada de Volvo Ocean Race, é quase impossível imaginar um desenho da rota da prestigiada regata à volta do Mundo sem uma passagem pelo Cabo Horn. No entanto, o mais ansiado percurso é, também, o mais receado.

Para António Fontes, que na difícil etapa entre a Cidade do Cabo e Melbourne fracturou o braço esquerdo, o regresso aos mares do Sul terá na ultrapassagem do Cabo Horne o grande obstáculo: “Esta etapa é mítica e tem um sentimento muito especial. É preciso ultrapassar e sair ileso do ‘southern ocean’. Se passarmos bem o Cabo Horn, as condições irão melhorar, a temperatura vai subir e o vento vai baixar. Tudo será melhor. O difícil será chegar ao Horn.” O velejador português, de 34 anos, lembra, no entanto, que muitos “fizeram esta etapa e não conseguiram chegar ao Horn.”

A bordo da Turn the Tide on Plastic, equipa que conta com o patrocínio da Fundação Mirpuri, estará Frederico Melo. O velejador olímpico diz que a “equipa está preparada” para “uma etapa muito dura”, com os barcos a navegarem “muito a Sul”. “Estaremos muito perto do gelo, vai ser uma etapa muito fria, com muitas pressões baixas, com muito vento e ondas grandes. Passamos por isso na última etapa nos mares do Sul e vamos preparados. Os barcos vão estar nos seus limites e será interessante”, afirmou o velejador de Cascais.

Com pontuação a dobrar e um ponto extra para quem chegar em primeiro lugar ao Cabo Horn, a 7.ª etapa terá um peso decisivo na luta pela vitória na competição. Com MAPFRE e Dongfeng separados por quatro pontos, a luta entre o veleiro espanhol e o franco-chinês promete voltar a ser renhida e extremamente táctica. Xabi Fernández, skipper da MAPFRE, reconheceu que uma vitória em Itajaí será “um grande passo em frente”, enquanto Charles Caudrelier, líder da Dongfeng, recordou as más experiencias da sua equipa nesta ligação: “Fiz esta etapa duas vezes e nunca terminei com o mastro em cima do barco. E o Pascal [Bidégorry] também fez esta etapa duas vezes e nunca passou o Cabo Horn. Por isso, este é um dos nossos objectivos: passar o Horn e terminar com o mastro para cima.”

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