Filipe Lobo d’Ávila vai deixar o Parlamento

Deputado defendeu que é preciso "acabar com os pequenos poderes internos".

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“Sou e sempre serei do CDS”, afirmou Filipe Lobo d’Ávila Adriano Miranda

Filipe Lobo d’Ávila, que liderou a lista alternativa a Cristas no último congresso do CDS, anunciou esta noite que vai abandonar “em breve” o Parlamento, depois de um discurso algo crítico da líder do partido. O lugar a seguir ao seu é de Raul Almeida, que tem sido um dos maiores críticos da liderança de Cristas, mas que diz ainda estar a reflectir sobre se aceita exercer o mandato de deputado.

O deputado disse ter feito um “caminho de liberdade” e de não se arrepender disso. “Sou e sempre serei do CDS”, afirmou. Agradeceu ao líder parlamentar, Nuno Magalhães, a “amizade de sempre”, mas também a “amizade dos últimos dois anos”, período durante o qual fez algumas críticas a Assunção Cristas. “Desenganem-se os nossos adversários, aqui não há cisões, não há dissidências, aqui não há birras”, afirmou o antigo secretário de Estado da Administração Interna, deixando uma mensagem sobre o seu momento pessoal e o futuro: “Aqui há paz interior e aqui ninguém atira a toalha ao chão”. 

Agarrando no título da moção de Cristas – “Um passo em frente” –, o deputado defendeu que “dar o passo em frente” é “dar respostas” aos problemas das pessoas, mais do que fazer balanços, numa alusão ao texto da líder do partido como já tinha referido em entrevista ao PÚBLICO esta semana. “Dizer o que faríamos diferente do PS é dar o passo em frente”, defendeu, repetindo a ideia de que o CDS precisa de se diferenciar nas propostas da descentralização para “acabar com a ladainha” dos que dizem querer fazer mas deixam “tudo na mesma”.

O líder da lista alternativa ao Conselho Nacional, que obteve 23% no último congresso, defendeu que “dar o passo em frente é também olhar para dentro” e reconhecer a divergência de opiniões como “saudável e construtiva”. Denunciando "práticas internas surrealistas", o deputado afirmou que é preciso "ter a coragem de enfrentar e acabar com os pequenos poderes internos que nada acrescentam uns ou outros", sustentando que "o CDS não se faz no Caldas [sede do partido] mas no país”. A expulsão de Abel Baptista, por se ter candidatado contra o CDS em Ponte de Lima, também não foi esquecido. Lobo d’ Ávila disse ser preciso “ter o discernimento de não cair na tentação fácil de não expulsar, no cumprimento estatutário automático”.

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