Cursos curtos do superior já atraem 12 mil alunos, mas procura abrandou

Ritmo de aumento da procura abrandou face aos dois anos anteriores. Um terço dos alunos está concentrado em quatro politécnicos: Leiria, Bragança, Setúbal e Cávado e Ave.

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Adriano Miranda

Quatro anos depois de terem sido criados, os cursos técnicos superiores profissionais (Tesp, na sigla usada pelas instituições), formações de dois anos ministradas exclusivamente no ensino politécnico, têm cerca de 12 mil inscritos. O ritmo da procura abrandou neste ano lectivo face aos dois anos anteriores, mas, ainda assim, o número total de matriculados cresceu 10,5% face a 2016/17, segundo estimativas do PÚBLICO feitas com base nos dados fornecidos pelas instituições de ensino.

Os responsáveis dos politécnicos concordam que o crescimento desta oferta está a estabilizar, mas a tendência para os próximos anos ainda é de aumento, acreditam. Desde a sua criação, em 2014, pelo anterior Governo, que os cursos técnicos superiores profissionais têm tido um crescimento contínuo.

Depois de um arranque frouxo — em 2014/15 apenas 395 alunos ingressaram nestes cursos —, o ritmo de crescimento nos dois anos seguintes foi evidente. Em 2015/16 já estavam inscritos 6430 alunos (um salto superior a 1500%) e em 2016/17 o número praticamente duplicou (para 11.048).

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Das 18 instituições públicas que têm estes cursos, 15 responderam aos pedidos de informação do PÚBLICO (83%). Nestas, o crescimento no número de inscritos face ao ano passado é de 10,5%. Extrapolando este valor para o universo das 18, o total de alunos matriculados em 2017/18 ronda os 12.200 — o que corresponde a cerca de 6% do total de alunos matriculados em licenciaturas.

Em 2017/18, o crescimento foi mais brando, sinal de que a procura está a estabilizar, consideram os responsáveis dos politécnicos. “É natural que cresça nos próximos anos”, antecipa o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Nuno Mangas. Para isso contribuirá o incremento do reconhecimento público dos Tesp, o aumento esperado de alunos a chegar ao superior nos próximos anos e o investimento que o Governo está a fazer para levar mais jovens do ensino profissional não superior a prosseguir estudos.

Para além disso, o executivo anunciou a intenção de permitir aos estudantes já com experiência profissional fazer estes cursos em apenas um ano.

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Quatro politécnicos

Há quatro politécnicos que assumem especial relevo. O de Leiria é aquele que tem mais estudantes em Tesp (1766 em 2017/18), seguindo-se o de Bragança (1013), o de Setúbal (864) e o do Cávado e Ave (843) — sediado em Barcelos, mas com ofertas destes cursos noutras cidades da região como Braga ou Guimarães. Estas quatro instituições têm mais de um terço (36,7%) de todos os alunos dos Tesp.

“Há uma diferença clara entre as instituições que mais valorizam os Tesp e as outras que não o fazem”, sustenta o presidente do Politécnico de Setúbal, Pedro Dominguinhos. “Há instituições que assumiram, do ponto de vista estratégico, que estes cursos são uma das missões fundamentais do sistema politécnico.” Em Setúbal a procura, este ano, cresceu quase 30%.

Além disso, as instituições com maior número de inscritos nos Tesp “já têm experiência acumulada nas formações de ciclo curto”, defende Nuno Mangas, que é também presidente do Politécnico de Leiria. Aqui, o número de inscritos aumentou 21%.

Acesso a bolsas

Os Tesp vieram substituir os cursos de especialização tecnológica que já eram ministrados nos politécnicos. Mas, ao contrário dos seus antecessores, conferem um diploma de nível 5 no Quadro Nacional de Qualificações e são considerados uma formação superior.

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Esta é uma mensagem que ainda não passou para os alunos e as famílias e é o foco do trabalho de comunicação que Pedro Dominguinhos diz que é crucial fazer quando os politécnicos contactam os estudantes do secundário e sobretudo do ensino profissional para divulgar a sua oferta. “É preciso dizer-lhes que o facto de um Tesp ser ensino superior lhes dá, por exemplo, a vantagem de poderem ter acesso a bolsas de estudo, o que para muitos deles era desconhecido.”

De acordo com dados da Direcção-Geral de Ensino Superior (DGES) relativos a 2016/17, 26,8% dos alunos dos Tesp são bolseiros — em linha com o que se verifica nas licenciaturas.

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