George Clooney falou com a barba de David Letterman

Depois de uma estreia com Barack Obama, My Next Guest Needs No Introduction o programa do lendário apresentador de talk shows no Netflix teve George Clooney como segundo convidado. Seguir-se-ão, nos próximos meses, Malala Yousafzai, Tina Fey, Jay-Z e Howard Stern.

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David Letterman, George Clooney e hambúrgueres em frente ao LAX, o aeroporto de Los Angeles DR

Depois de mais de dois anos fora do ar mundo da late night e longe do Late Show, agora pertença de Stephen Colbert, David Letterman voltou em Janeiro com um novo e diferente talk show. Mesmo que não tenha a sensação de absurdo cultivada especialmente nos anos do seu Late Night, o seu novo programa O Próximo Convidado Dispensa Apresentações (My Next Guest Needs No Introduction) continua a experimentar em termos de formato comparando com o seu trabalho anterior. São conversas de 40 minutos com uma só figura, gravadas diante de público num teatro, intervaladas com imagens gravadas em outros sítios relacionados com os convidados.

A estreia, em Janeiro, foi com Barack Obama, a primeira entrevista com o ex-presidente desde que saiu do cargo. Este mês, o convidado é George Clooney. Em Março, a convidada será Malala Yousafzai, seguindo-se depois Tina Fey, Jay-Z e Howard Stern. De certa forma, pela duração e pela aparente liberdade com que as conversas fluem, não são as típicas entrevistas a celebridades que Letterman fazia quando estava no ar várias noites por semana. E, pelo menos até agora, têm todas passado pela portentosa barba que Letterman deixou crescer desde que acabou o seu antigo talk show. Mas acabam por ser parecidas, no quão brandas são para os convidados.

Este episódio com George Clooney começa e acaba em frente ao LAX, o aeroporto de Los Angeles, com o actor e o apresentador a comerem um hambúrguer do In-N-Out Burger e a falarem. Depois, em palco, menciona-se Amal Alamuddin, a esposa de Clooney, como se conheceram e o trabalho dela como advogada no campo dos direitos humanos, o pai do actor, o jornalista e pivô Nick Clooney, como é que um rapaz que nasceu no Kentucky, e tinha como tios na Califórnia duas estrelas, Rosemary Clooney e José Ferrer, mesmo que não os conhecesse muito bem, decidiu ser actor. Não é nada de inovador.

Entre as partes de conversa, há também segmentos que têm algo a ver com os convidados. No primeiro episódio, dedicado a Obama, um segmento filmado no exterior mostrava Letterman e John Lewis, político e ícone dos direitos civis a andar na ponte Edmund Pettus, em Selma, no Alabama, a mesma por onde Lewis e Martin Luther King, Jr. andaram em 1965 e onde Obama discursou em 2015, nos 50 anos dessa famosa marcha. No programa com Clooney, conhece-se a casa dos pais do actor no Kentucky. E, depois de se verem as fotografias de um jovem George Clooney – na fase do bigode que deixou crescer aos 20 anos, por exemplo –, o Letterman conhece um jovem refugiado iraquiano que a família Clooney patrocina. É algo por que este programa puxa muito: uma espécie de antídoto à retórica de Donald Trump (John Lewis foi criticado directamente pelo presidente, que não é propriamente fã de refugiados). Ainda há espaço para, em vídeoconferência, Clooney e Amal, numa rara aparição conjunta, falarem.

Mesmo que o programa não seja essencial, e às vezes pareça um pouco longo, não deixa de ser um regresso bem-vindo. Letterman ainda tem piada, e sabe conduzir O Próximo Convidado Dispensa Apresentações. Seis episódios, uma vez por mês, é uma dose que não corre o risco de cansar realmente.

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