Wedding planner, o organizador de sonhos

A plataforma internacional de casamentos Zankyou tem registados 250 organizadores deste tipo de cerimónias em Portugal. Os wedding planners tentam tornar possível o impossível, desde encontrar um elefante para um noivo indiano chegar à cerimónia até transportar em barcos pequenos ilha deserta toda a panóplia casamenteira.

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Paula Grade e Karina Sousa foram pioneiras no Algarve DR
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Célia Pratas organiza casamentos desde 2009. Decidiu tirar um curso em Londres, onde aprendeu a celebrar uma cerimónia simbólica Nuno Ferreira Santos

Os wedding planners ou organizadores de casamentos concretizam os sonhos dos noivos, tratam de todos os pormenores do casamento sem que aqueles se preocupem com quase nada, mesmo estando a quilómetros de distância. Tornam possível o impossível, ainda que seja preciso um elefante ou um cavalo branco para o noivo indiano chegar à cerimónia; ou terem de levar todos os apetrechos do casamento em barcos pequenos para os noivos selarem o seu casamento numa ilha deserta algarvia.

Foi o que aconteceu às wedding planners Paula Grade e Karina Sousa que, há uma década, criaram a empresa de organização de casamentos White Impact, no Algarve. Os noivos pediram uma praia deserta. “Foi uma aventura colocar 70 pessoas num barco e os materiais noutros mais pequenos, e, com ondas, atracarmos na praia deserta e fazer a cerimónia”, conta Karina. “Estamos aqui para realizar sonhos. Só se não pudermos é que não o fazemos”, assegura Paula Grade.

A função do wedding planner é ser criativo. Pode ser preciso acalmar as noivas, estar a postos para qualquer eventualidade, resolver problemas de última hora. Célia Pratas, de Lisboa, que é uma profissional certificada e tirou o curso em Londres, teve de improvisar no casamento de um casal de Macau, ela macaense e ele dominicano. Começou a chover muito por altura da cerimónia que seria na vinha da Quinta de Sant’Ana, em Mafra. “Calçaram umas botas de borracha mesmo com vestido de noiva e fato de cerimónia vestidos. Divertiram-se imenso!”, lembra. E se é preciso um elefante, lá estará no casamento. “Pede-se ao circo”, desvenda Paula Grade, que já organizou alguns casamentos indianos.

“Ser wedding planner é uma profissão que exige muito tempo e muito de nós. É preciso ter uma grande dedicação e saber lidar com o stress”, descreve Carla Valentim, que criou, em 2010, com Noélia Jacinto a empresa Sonho a Dois — Algarve Weddings & Events, em Faro, depois de terem ficado desempregadas. Desde então, já organizaram meia centena de casamentos, incluindo o do jogador da selecção nacional Éder. Este ano já têm programados 115 casamentos. Os organizadores de casamentos, continua Carla Valentim, “são os melhores amigos dos noivos” por altura do casamento.

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Carla Valentim: Os organizadores de casamentos “são os melhores amigos dos noivos” Fernando Quintino Estevão

“Nunca há um casamento igual”, defende Célia Pratas. São todos personalizados e espelham a história do casal com muitos pormenores e requinte para que seja um dia inesquecível. “Arrisco a dizer que os noivos procuram o conto de fadas, os casamentos de princesa, com o campo com vista fantástica, os castelos, palácios e casamentos na areia da praia”, continua.

E a função das organizadoras é apresentar o local de sonho para casar. Os noivos só têm de decidir o que querem, fazer as provas do vestido, do fato, cabelo, maquilhagem, catering, etc. Por norma, os estrangeiros vêm uma a duas vezes a Portugal durante o ano de preparação do casamento para reverem todos os detalhes.

Jussara Serrão e Edilson Coelho conheceram Célia Pratas pela Internet. “Procurávamos uma wedding planner que nos orientasse na organização do casamento à distância. Fomos trocando mensagens e através da Célia chegámos ao designer Gio Rodrigues, que foi logo uma simpatia desde o início e desenhou um vestido de propósito para mim com uma cauda de quatro metros, com um laço na cintura”, conta Jussara ao P2, por telefone, a partir da sua casa em Angola. Era mesmo aquele que tinha idealizado. “Também fez o vestido da minha mãe”, acrescenta, entusiasmada por toda a preparação do casamento ter corrido tão bem, mesmo a milhares de quilómetros de distância. Casaram em Julho de 2017, depois de um ano a organizar tudo detalhadamente, com 250 convidados, em que mais de metade viajou de Angola. Os noivos, com dupla nacionalidade, já conheciam Portugal e escolheram o país porque queriam “algo diferente”, como as quintas com “paisagens lindíssimas” e também pela relação preço/qualidade. “Se tivéssemos casado em Angola, teríamos gasto o dobro.”

“Uma wedding planner facilita muito a organização do casamento”, defende a irlandesa Cathy Brady, que escolheu Paula Grade e Karina Sousa para planear tudo ao pormenor. “Elas conhecem a língua, organizam e põem tudo em ordem”, continua o noivo Gene Murray. Também Brian McMahon, que casará com Gillian Marshall dentro de meio ano, só vê vantagens em contratar as duas organizadoras. “Tratam de tudo sem termos de nos preocupar com quase nada”, conclui, dando as mãos à noiva, para se reunirem, noutra sala, no hotel de Dublin, com a dupla portuguesa.

Casamentos que vão dar um livro

A relação entre noivos e os organizadores não termina depois de dito o “sim”. Sempre que podem, os casais apresentam-lhes os filhos e vão dando notícias, assim como recomendam o serviço a amigos. O casal Déborah e David Ryan, que há três anos casaram em Albufeira, foram até ao hotel onde Paula Grade e Karina Sousa fazem o seu evento para as cumprimentar. “A Paula e a Karina fizeram tudo por nós, desde a decoração às flores, toda a organização e entretenimento para as crianças até ao DJ para animar a festa”, conta David. “Transformaram o meu dia de casamento no mais bonito da minha vida”, garante Déborah.

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Célia Pratas tirou um curo de organizadora de casamentos em Londres Nuno Ferreira Santos

Paula Grade e Karina Sousa são amigas de longa data que sempre trabalharam na área do turismo. Um dia foram desafiadas a organizar um casamento estrangeiro e a partir daí nunca mais pararam. No primeiro ano, organizaram 37, grande maioria irlandeses, e viram logo que tinham ali um nicho de mercado a explorar. Começaram a organizar um evento em Dublin e outro em Londres. 

Célia Pratas, que chegou a ser professora universitária e tirou mestrado e doutoramento em Comunicação e Literatura Comparada, organiza casamentos desde 2009 e trabalha com o mercado angolano. Foi nos EUA que se apercebeu “da moda das wedding planners” e decidiu tirar um curso em Londres, onde até aprendeu a celebrar uma cerimónia simbólica. Para este ano, a organizadora já tem o ano fechado com 14 casamentos do Haiti, Angola, Brasil, Suíça, México e alguns portugueses. Por estes dias, anda a ultimar a publicação de um livro com as histórias de 13 casais que escolheram Portugal como cenário para casar.

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