Roménia fica sem primeiro-ministro pela segunda vez em sete meses

Mihai Tudose perdeu a confiança política do próprio partido devido a uma disputa que envolveu uma aliada do líder partidário.

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Mihai Tudose foi nomeado primeiro-ministro em Junho de 2017 LUSA/ROBERT GHEMENT

A Roménia ficou sem o seu segundo primeiro-ministro em sete meses, depois de Mihai Tudose ter perdido a confiança do seu próprio partido e ter sido forçado, nesta segunda-feira, a pedir a demissão da liderança do Governo.

De acordo com a Reuters, o comité executivo do Partido Social-Democrata (PSD) romeno, que detém uma ampla maioria parlamentar, aprovou uma moção para retirar a confiança polícia ao primeiro-ministro. Dos 67 membros do comité executivo, 60 votaram contra Tudose, quatro a favor e os restantes abstiveram-se.

Na origem desta decisão estão tensões entre Tudose, que foi nomeado para primeiro-ministro em Junho, e o líder do partido, Liviu Dragnea, que conheceram o seu pico na semana passada quando o chefe do Governo pediu para que a ministra do Interior, Carmen Da, se demitisse por lhe ter mentido. A ministra, aliada próxima do líder social-democrata, recusou apresentar a demissão e, ao que parece, Tudose sentiu de imediato os efeitos colaterais desta disputa.

A saída do primeiro-ministro está a ser vista como um reforço do poder de Dragnea – que está impedido de liderar o Governo por ter sido condenado por fraude eleitoral – depois de, no Verão passado, ter também empurrado para a saída o antecessor de Tudose, Sorin Grindeanu, através de uma moção de censura.

“Eles nomearam-me, eles removem-me. Eu assumo a responsabilidade dos meus actos e não me arrependo das minhas acções”, disse Tudose, citado pela Reuters, que vai confirmar o seu pedido de demissão por escrito ao Presidente romeno, Klaus Iohannis.

O vice-primeiro-ministro, Paul Stanescu, vai agora assumir interinamente, por um período máximo de 45 dias, a liderança do Governo de Bucareste. Depois, o Presidente poderá empossar definitivamente Stanescu ou propor um nome alternativo.

Cristian Patrasconiu, comentador político romeno, explicou à Reuters que esta situação reforça a posição de Dragnea o que, por sua vez, parece significar que “vai ficar cada vez mais difícil uma alternativa [para primeiro-ministro] adequada e duradoura”.

Liviu Dragnea está na política romena há mais de 20 anos, mas, depois da vitória eleitoral em 2015, foi impedido de tomar posse enquanto primeiro-ministro por ter sido condenado a um ano de prisão em pena suspensa – sentença que foi depois aumentada para dois anos – por fraude eleitoral durante um referendo realizado em 2012.

Dragnea está também a ser investigado por alegadamente ter recebido ilicitamente fundos europeus entre 2000 e 2012, numa altura em que estava envolvido na política da região de Teleorman.

Apesar de este impedimento, Tudose tem conseguido reunir à sua volta um forte poder partidário e contribuiu também para o afastamento do anterior primeiro-ministro, Sorin Grindeanu. A relação entre ambos deteriorou-se depois de o Governo ter sido forçado, devido a manifestações em massa, a deixar cair uma controversa lei que despenalizaria crimes como abuso de poder ou enriquecimento ilícito. 

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