Jogos Olímpicos abrem via do diálogo entre as duas Coreias

Depois de dois anos de relações cortadas, Seul e Pyongyang vão reatar conversações na próxima semana. O mote é a participação norte-coreana nos Jogos Olímpicos de Inverno organizados pelo vizinho do Sul, em Fevereiro.

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Linha telefónica entre os dois países vizinhos foi retomada na quarta-feira Reuters/STRINGER

Pela primeira vez em mais de dois anos as duas Coreias aceitaram encontrar-se para dialogar. O mote do encontro será a participação de atletas norte-coreanos nos Jogos Olímpicos de Inverno, que decorrem em Fevereiro, na Coreia do Sul. A conversa, agendada para a próxima terça-feira, será a primeira entre os governos dos dois países desde Dezembro de 2015. O diálogo irá ser conduzido por representantes de Pyongyang e Seul cuja identidade não foi relevada.

O encontro está marcado para Panmunjeom, uma zona abandonada junto da fronteira entre os dois vizinhos asiáticos, local onde foi assinado o armistício de 1953 que terminou com os combates da Guerra da Coreia e estabeleceu a Zona Desmilitarizada. A informação foi avançadan pelo Ministério sul-coreano da Unificação, encarregado das relações com Pyongyang.

O “sim” de Pyongyang para conversações com a Coreia do Sul surgiu durante a manhã desta sexta-feira por fax, depois de os dois países terem reaberto, na quarta-feira, a ligação telefónica cortada desde 2016. A conversa irá acontecer do lado da Coreia do Sul, na Casa da Paz. Os Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, na Coreia do Sul, decorrem entre 9 e 25 de Fevereiro, mas em cima da mesa deve também estar a "questão da melhoria das relações intercoreanas", detalhou o porta-voz do Ministério da Unificação, Baek Tae-hyun.

O diálogo chega num período de elevada tensão na península e de deterioração das relações bilaterais. Desde Fevereiro de 2017, a Coreia do Norte lançou mais de 20 mísseis sem transportar ogivas nucleares activas em 15 testes diferentes. Pyongyang nunca realizou tantos lançamentos em tão pouco tempo.

Moon Jae-in, Presidente da Coreia do Sul, já havia afirmado que os Jogos de Inverno poderiam ser vistos como uma hipótese sem precedentes de melhorar as relações entre os dois vizinhos. Porém, há muito cepticismo. O secretário da Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, considera que este encontro resulta da “pressão internacional” e alude à importância dos Jogos para a indústria do turismo na Coreia do Sul, mas assegura que Washington não reduzirá a pressão sobre Pyongyang em matérias mais complexas e relevantes.

O "sim" da Coreia do Norte surgiu depois de os EUA e a Coreia do Sul terem concordado em adiar os exercícios militares conjuntos previstos durante os Jogos Olímpicos.

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