A resolução de ano novo de Zuckerberg é consertar o Facebook

A rede social tem-se debatido com problemas de desinformação, discurso de ódio e acusações de que prejudica os utilizadores.

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Zuckerberg quer concentrar-se em problemas difíceis Reuters/Jose Gomez

Todos os anos, o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, faz uma resolução, ocasionalmente com alguma excentricidade: visitar todos os estados dos EUA, ler um livro por mês, só comer carne de animais que ele próprio tenha morto. Para 2018, decidiu corrigir as falhas da rede social, que se debate com problemas de desinformação, notícias falsas, discurso de ódio e acusações de que está mais a prejudicar do que a beneficiar os utilizadores.

“O mundo sente-se ansioso e dividido, e o Facebook tem muito trabalho para fazer – seja proteger a nossa comunidade do abuso e do ódio, defendermo-nos contra a interferência de Estados, ou assegurar que o tempo no Facebook é tempo bem gasto”, escreveu Zuckerberg. Afirmou que se quer focar a resolver aqueles assuntos e admitiu que a plataforma comete muitos erros: “O meu desafio pessoal para 2018 é concentrar-me em consertar estas questões importantes. Não vamos prevenir todos os erros ou abusos, mas actualmente fazemos demasiados erros a aplicar as nossas regras e a prevenir o mau uso das nossas ferramentas.”

O Facebook tem tentado resolver alguns dos problemas que estão a minar o bom funcionamento da plataforma. Tomou múltiplas medidas para aumentar o conhecimento dos utilizadores sobre propaganda e notícias falsas. Algumas, contudo, acabaram por não se revelar eficazes e foram canceladas, como é o caso da sinalização de publicações com conteúdo duvidoso. A rede social também tem privilegiado o conteúdo publicado pelos amigos, em detrimento das publicações de páginas. Nos casos mais radicais, isto teve consequências drásticas para a imprensa. E, recentemente, investigadores da própria empresa lançaram a questão: "Passar muito tempo nas redes sociais é mau para nós?" A pergunta surgiu pouco depois de terem sido abundantemente noticiadas as declarações de um ex-executivo da empresa, segundo o qual a rede social é prejudicial para os utilizadores.

Na sua publicação de ano novo, Zuckerberg argumenta ainda que uma das “questões mais interessantes na tecnologia” é a descentralização. “Muitos de nós entrámos no mundo da tecnologia porque acreditamos que pode ser uma força descentralizadora que põe mais poder nas mãos das pessoas”, escreveu. “Mas, hoje, demasiadas pessoas perderam a fé nessa promessa. Com o crescimento de um pequeno número de grandes empresas de tecnologia – e com os governos a usar tecnologia para vigiar os seus cidadãos – muitas pessoas agora acreditam que a tecnologia apenas centraliza o poder em vez de o descentralizar”.

Zuckerberg deu o exemplo da encriptação e das criptomoedas como tecnologias que contrariam esta tendência (as moedas como a bitcoin funcionam numa base de dados descentralizada que regista as transacções). Mas notou que trazem consigo o risco de serem muito difíceis de controlar. “Estou interessado em ir mais fundo e estudar os aspectos positivos e negativos desta tecnologia, e como os usar melhor nos nossos serviços”, escreveu.

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