Rajoy já pode voltar para Madrid, ERC encerra campanha a lembrar Junqueras

Primeiro-ministro foi apupado em Figueres, no dia em que um partido marcou um acto de campanha para a porta de uma prisão.

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Albiol com Rajoy esta terça-feira em Barcelona Quique Garcia/EPA
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Protesto contra Rajoy à porta da Freixenet, que o chefe do Governo espanhol visitou ALBERT GEA/Reuters

As perspectivas do Partido Popular catalão para as eleições de quinta-feira são tão terríveis que o primeiro-ministro pareceu ter-se mudado para a Catalunha. Tanto tempo aqui passou nas últimas semanas que  escolheu uma praia para caminhar de manhã, a de Sant Sebastián, no Porto Velho de Barcelona. O próprio Mariano Rajoy divulgou um vídeo desses passeios, terça-feira de manhã.

Uma caminhada serena, em contraste com o que o esperava, horas depois, durante uma visita não anunciada ao Museu do Brinquedo e Figueres – a surpresa não evitou que se juntasse um protesto para o apupar aos gritos de “fora, fora” e “liberdade para os presos políticos”.

Não foi fácil a vida de Rajoy nestes dias, sempre ao lado de Xavier García Albiol, o candidato que se prepara para assumir o pior resultado dos populares na Catalunha. Ninguém sabe o que aconteceria com um outro cabeça de lista; o que se sabe é que estas eleições autonómicas foram convocadas por Rajoy, depois de aplicar o artigo 155 da Constituição e dissolver o parlamento e a Generalitat. E nada disso é normal.

Os “presos políticos” são parte do governo deposto, acusado de “rebelião” pela organização de um referendo e proclamação da república, e os dois líderes das principais organizações civis independentistas.

Uma campanha não pode ser normal quando o partido mais bem colocado para ganhar, a ERC (Esquerda Republicana da Catalunha, ligeiramente à frente do Cidadãos, de Inés Arrimadas, nas sondagens), decide encerrá-la com um acto junto a uma prisão e outro no bairro onde vive o seu líder, Oriol Junqueras. De manhã, a concentração de candidatos junto à prisão de Estremera (Madrid), onde estão Junqueras e Joaquim Forn (ex-conselheiro do Interior, candidato da Juntos pela Catalunha, de Carles Puigdemont) foi interrompida por duas dezenas de membros de um sindicato de extrema-direita que gritavam “onde está o osito?” (“urso”, em referência a Junqueras) e “Puigdemont, a prision”.

Marta Rovira e Raül Romeva, ex-conselheiro dos Negócios Estrangeiros, que esteve detido mas já foi libertado, tiveram de gritar para se fazerem ouvir. “Não é com insultos que nos vão fazer esquecer o diálogo e o respeito mútuo”, assegurou Romeva. “Junqueras está na prisão porque sabem que é o melhor candidato para liderar a Catalunha do futuro, onde cabem todas as ideias que se defendam democraticamente”, disse a “número dois” da ERC.

Um dia depois do debate em que ninguém aceitou dizer se “Puigdemont é o presidente legítimo”, vários dirigentes da sua lista responderam implicitamente a Junqueras, afirmando que Puigdemont “está em Bruxelas porque não se esconde”. O antigo sócio de governo tinha afirmado estar preso por não se esconder, numa alfinetada à Juntos pela Catalunha. Depois do voto, a retórica irá dar lugar a negociações entre os blocos independentista e unionista – não haverá maiorias fáceis de formar.

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