Intelectuais em fúria

Um grupo de intelectuais conformados e/ou desiludidos remoem ressentimentos e descobrem novos motivos para ressentimentos futuros. Tudo assente em diálogos de efeito fácil.

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Não é o homónimo (e super-genial) filme de Blake Edwards que A Festa de Sally Potter evoca, antes um encontro entre Os Amigos de Alex e um murder mystery à la Agatha Christie. O morto, ou os mortos, são os ideais de um grupo de intelectuais conformados e/ou desiludidos, que falam por slogans e exercem apertado controlo sobre o discurso e o vocabulário uns dos dos outros, enquanto remoem ressentimentos e descobrem novos motivos para ressentimentos futuros.

Tudo muito “contemporâneo”, mas é o protótipo do filme “telegrafado” (a começar no preto e branco da fotografia, a simular o estilo do tele-teatro de outrora), assente em diálogos de efeito fácil (tanta consciência da punchline é cansativa) e num mínimo investimento na composição das personagens, todas caricaturas de alguma tipologia (a ex-revolucionária esquerdista, a conservadora, o yuppie, o tonto new age, a lésbica feminista, etc etc). A sensação é de um filme desgarrado e aleatório, numa falta de jeito quase amadora, como se uns quantos actores profissionais tivessem visitado um grupo de teatro de liceu, ficado para dizer umas larachas, e depois seguido com as suas vidas.

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