Downing Street abre inquérito a governante suspeito de assédio sexual

Secretário adjunto para o Comércio Internacional, Mark Garnier, confirmou ter pedido à secretária para lhe comprar brinquedos sexuais. Caso remonta a 2010.

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Stefan Wermuth/Reuters

O Governo britânico abriu uma investigação por alegada conduta imprópria ao secretário adjunto para o Comércio Internacional, Mark Garnier, que já admitiu ser verdade uma notícia avançada pelo The Mail on Sunday de que usou expressões brejeiras de cariz sexual quando se dirigiu à sua secretária, a quem também deu dinheiro para lhe comprar brinquedos sexuais.

“Não vou desmentir a notícia porque não vou ser desonesto. Vou ter de lidar com as consequências”, reagiu Mark Garner, um antigo banqueiro que agora é um dos membros da equipa governativa responsável por uma das pastas mais sensíveis das negociações do “Brexit”. O político conservador, de 53 anos, reconheceu que o seu comportamento pode ser interpretado como primitivo, mas negou que a sua conduta constituísse assédio sexual.

O tablóide britânico entrevistou a antiga secretária de Mark Garner na Câmara dos Comuns, Caroline Edmondson. Segundo contou, numa ocasião o deputado deu-lhe dinheiro para a mão e pediu-lhe para comprar dois vibradores numa sex-shop do bairro do Soho, ficando na rua à sua espera. Noutra altura, impediu-a de se ir embora do bar do parlamento, gritando “Tu não vais a lado nenhum, ‘sugar tits’”, uma expressão ofensiva ouvida por muitas testemunhas.

Os factos, que remontam a 2010, levaram Caroline Edmondson a abandonar o gabinete do deputado, por se sentir incomodada com a forma como era tratada. A secretária continua a trabalhar na Câmara dos Comuns, para um outro eleito no Partido Conservador.

Através do seu porta-voz, a primeira-ministra britânica, Theresa May, considerou o comportamento de Mark Garner “absolutamente inaceitável” e anunciou a abertura de uma investigação, prometendo “agir de forma decidida” quando forem apresentadas as suas conclusões. Pelo seu lado, o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, condenou as acções “perversas e degradantes” do político conservador, e lamentou que uma “cultura tolerante com os abusos tenha prosperado durante tanto tempo nos corredores do poder”.  

Entretanto, o Sunday Telegraph descobriu que Stephen Crabb, que no ano passado se demitiu do cargo de secretário de Estado do Emprego e Segurança Social depois da divulgação de mensagens sexualmente explícitas que enviou a uma rapariga de 19 anos, também assediou uma outra jovem que tinha ido a uma entrevista de trabalho no seu gabinete de Westminster, em 2013. Crabb, que foi um dos concorrentes à liderança do Partido Conservador depois da demissão de David Cameron, rejeitou a candidatura da jovem, mas enviou-lhe várias mensagens propondo encontros para relações sexuais.

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