Michel Combes: “Portugal é um diamante" para a Altice

Na véspera de a ERC anunciar o parecer sobre a compra da TVI, Patrick Drahi trouxe a Lisboa o seu estado-maior para o encontro de quadros anual do grupo Altice. E anunciou a mudança de Meo Arena para Altice Arena.

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Michel Combes na conferência de imprensa de Julho em que foi anunciada a compra da Media Capital daniel rocha

Por uma daquelas coincidências, a Altice realizou esta segunda-feira em Portugal, na véspera de ser conhecida a decisão da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre o negócio da TVI, um encontro de gestores de topo. Foi o sócio português de Patrick Drahi, Armando Pereira, “que é o embaixador de Portugal no grupo, que trouxe o evento para o país”, explicou a presidente da PT, Cláudia Goya, num encontro com jornalistas.

“Os nossos fundadores têm uma ligação muito próxima ao país”, sublinhou, por seu turno, Michel Combes, o presidente executivo do grupo, a quem responde a equipa de gestão da PT Portugal. “Portugal é um diamante” no portefólio de activos da Altice, uma “peça chave na estratégia” do grupo, que aqui “quer estender a sua estratégia verdadeiramente convergente”, que agrupa telecomunicações, conteúdos e publicidade, explicou o gestor.

Mas sobre a compra da TVI, não quis dizer nem uma palavra. “Não pensem que vou comentar um processo regulatório em curso”, frisou Combes, que ainda na semana passada acusou os concorrentes da PT, a Nos e a Vodafone, de “pressão indevida e infundada” sobre os reguladores.

Num encontro com 150 executivos do grupo – onde obviamente não faltou o próprio Drahi, nem Dexter Goei, o presidente da administração da Altice, que conduziu o negócio de compra da PT Portugal, e que hoje dirige os negócios do grupo nos Estados Unidos – a Altice aproveitou, segundo disse Cláudia Goya aos jornalistas, para mudar o nome do Meo Arena para Altice Arena e, além disso, “reafirmar o seu compromisso com Portugal”.

Compromisso que Cláudia Goya desdobrou em sete, sem que qualquer um deles seja particularmente novo. Entre eles o de “investir massivamente em redes e infra-estruturas”, para fazer de Portugal “o primeiro país com cobertura de fibra óptica quase integral” com um total de cinco milhões de casas ligadas em fibra (a empresa já ultrapassou a barreira dos quatro milhões). Até à data, o investimento em Portugal já vai, em números redondos, em mil milhões de euros, sublinhou Cláudia Goya.

A exportação da tecnologia portuguesa de fibra desenvolvida nos Altice Labs para os vários mercados do grupo, ou a abertura de alguns mercados internacionais da Altice a 30 fornecedores portugueses, serão outras das “linhas estratégicas”.

E depois, claro, há os conteúdos. “A promoção e criação dos melhores conteúdos portugueses” está também na agenda do grupo, que garante a “abertura de plataformas de distribuição de conteúdos aos consumidores portugueses” e se compromete em investir “na criação de conteúdos originais em português” e a actuar nesta actividade de “forma ética, aberta e plural”. É, diz Cláudia Goya, “a forma como lidamos todos os dias”.

“É difícil” dar-lhes trabalho, diz Armando Pereira

O facto de haver na PT cerca de 300 pessoas sem funções atribuídas e de os sindicatos acusarem a empresa de assediar muitos dos trabalhadores para que rescindam os seus contratos, não impede a Altice de anunciar que até 2020 quer contratar 500 jovens licenciados especializados em áreas onde, segundo Michel Combes, estão “as novas oportunidades de negócio”, como data scientists e data analytics. Esses é que são “importantes para o futuro da Altice em Portugal”, afirmou.

Embora fosse visível o incómodo de Cláudia Goya com o tema da situação laboral da PT, numa conferência marcada para falar sobre o compromisso da Altice com Portugal “nos bons e nos maus momentos”, Armando Pereira destacou que desde que a Altice aqui chegou, em Junho de 2015, criou quase quatro mil empregos, cerca de 1600 em call centers e outros dois mil, directos e indirectos, na expansão da fibra (nas duas empresas que lhe estão associadas, a Sudtel e a Tnord).

Para os outros que estão na PT, sem funções, “é difícil encontrar trabalho”. “Não temos trabalho, como é que podemos encontrar trabalho para essas pessoas”, questionou o co-fundador português da Altice. “Por isso é que lhes estamos a dizer para irem para casa”, justificou.

E "a transferência é passar de uma empresa para outra, também não ficam sem trabalho, porque nós arranjamos trabalho", afirmou Armando Pereira (que neste momento dirige a operadora francesa SFR), a propósito do recurso pela empresa à figura jurídica da transmissão de estabelecimento, que levou a que o PS, o Bloco de Esquerda, o PCP e o PAN avançassem com propostas de alteração legislativa.

 

 

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