Controlo administrativo de Gaza entregue ao governo de unidade palestiniano

Hamas e Fatah chegaram a um acordo após três dias de negociações no Cairo. Uma das medidas já conhecida é a integração de militares da Fatah nas forças de segurança do Hamas.

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Ismail Haniyeh, líder do Hamas, cumprimenta o chefe dos serviços secretos egípcios, que também estiveram envolvidos nas negociações Reuters/Mohammed Salem

Os movimentos palestinianos Hamas e Fatah concordaram em ceder o controlo administrativo sobre Gaza ao governo de unidade nacional. A passagem do poder deverá acontecer, o mais tardar, até 1 de Dezembro, diz o comunicado que reúne as conclusões das conversações entre os dois grupos, mediadas pelo Egipto.

Para além da passagem da gestão do território palestiniano, os dois grupos rivais concordaram em transferir o controlo sobre Rafah, o único posto fronteiriço que liga Gaza ao exterior, através do Egipto, para o governo de unidade nacional.

Desde terça-feira que Hamas e Fatah estão reunidos no Cairo para discutir os termos de um acordo de reconciliação.

A Fatah perdeu o controlo de Gaza para o Hamas, classificado como grupo terrorista pelo Ocidente e por Israel, nas eleições legislativas de 2006, mas no mês passado o Hamas aceitou ceder algum do seu poder negociando com a Fatah a gestão comum de Gaza e dos enclaves autónomos da Cisjordânia.

Na última década, o Egipto tem ajudado a mediar sucessivas tentativas para reconciliar os dois movimentos e formar um governo de unidade que partilhe o poder em Gaza e na Cisjordânia. Em 2014 chegaram a um acordo para formar um governo de reconciliação nacional, mas nunca foi de facto concretizado e o Hamas continuou a liderar a Faixa de Gaza.

"Felicitamos o nosso povo palestiniano pelo acordo de reconciliação alcançado no Cairo. Fazemos todos os esforços possíveis para implementá-lo, de forma a começar um novo capítulo na história do nosso povo", prometeu o porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, à Reuters.

Há quase um mês, o Hamas anunciou que estava finalmente disponível para entregar os poderes administrativos em Gaza a um governo partilhado com a Fatah. A mudança representou um recuo significativo na estratégia do Hamas, motivada pelo receio de ficar isolada financeira e politicamente depois de o Qatar, seu principal financiador, se ter afastado.

Delegações dos dois movimentos rivais estiveram em negociações no Cairo esta semana para definir os detalhes da transferência administrativa, incluindo a segurança em Gaza e nas fronteiras. Segundo o acordo, três mil agentes de segurança da Fatah irão juntar-se às forças policiais de Gaza. Mas o Hamas continuará a ser a mais poderosa facção palestiniana armada - estima-se que tenha 25 mil homens bem equipados e com experiência em três guerras com Israel desde 2008.

Os dois movimentos esperam que esta participação das forças de segurança da Fatah no controlo das fronteiras da Faixa de Gaza incentive o Egipto e Israel a levantar as restrições rigorosas que existem actualmente na passagem entre os vários territórios, tanto em termos de pessoas como de mercadorias. 

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