Ponta Delgada e o mapa rosa açoriano

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Vítor Fraga (PS) vai tentar roubar a principal câmara açoriana ao PSD Rui Soares

É preciso recuar a 1989 para encontrar um socialista sentado na presidência da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Antes de Mário Machado, eleito como independente à cabeça de uma improvável coligação PS/CDS, a capital e principal concelho açoriano só conheceu presidentes sociais-democratas. Depois de Mário Machado, que viria a ser derrotado três anos depois por Mota Amaral na corrida à presidência da região autónoma, aquela autarquia foi sempre governada pelo PSD.

Mesmo quando o ciclo político açoriano virou, em 1996, e o PS saltou da oposição, onde tinha estado nos primeiros 20 anos de democracia, para o governo, Ponta Delgada foi sempre um reduto laranja. Mesmo agora, que os socialistas vão na quinta maioria absoluta regional consecutiva, a última das quais em Outubro do ano passado, o concelho mais populoso do arquipélago continua a ser uma espécie de irredutível aldeia gaulesa, perante a crescente influência autárquica socialista.

Em 2013, o PS reforçou o peso ao conquistar 13 das 19 câmaras municipais, contra quatro do PSD. Apenas os municípios da Calheta, do independente Décio Pereira, e de Velas, do centrista Luís Silveira, ambos recandidatos, fogem desta bipolarização. Mesmo assim, os socialistas já formalizaram o apoio a Décio Pereira podendo assim aumentar o peso autárquico no arquipélago.

Não deverão ocorrer muitas surpresas numa região onde a palavra proximidade, quando se trata de autárquicas, é quase literal. Por isso, a maioria dos actuais presidentes, independentemente da sua cor política, deverão ser reconduzidos em Outubro. Mesmo assim, Ponta Delgada está a gerar expectativas. O PS foi buscar uma das figuras do governo de Vasco Cordeiro para tentar roubar a tal câmara que lhe escapa desde 1989. Vítor Fraga deixou a pasta dos Transportes e Obras Públicas do executivo açoriano para se dedicar à campanha e vai tentar contrariar o social-democrata José Manuel Bolieiro, que se candidata a um segundo mandato.

Em Angra do Heroísmo, a segunda cidade açoriana, acontece o inverso. Ali manda o PS desde 1997 e Álamo Meneses é o presidente e candidato que vai enfrentar Marcos Couto — um empresário e conhecido treinador de basquetebol, cuja popularidade os social-democratas querem capitalizar.

Na Horta, no Faial, as contas podem ser outras. O terceiro município mais importante da região autónoma é um reduto socialista desde 1989, com o PSD a tentar quebrar essa hegemonia candidatando Carlos Ferreira. Deputado regional e comissário da PSP, foi responsável pela única vitória social-democrata em todas as nove ilhas açorianas, nas regionais de Outubro passado, e vai tentar destronar José Leonardo Silva, que preside a autarquia desde 2013.

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