Japão voltou a ver um míssil norte-coreano sobrevoar o seu território

Coreia do Sul fala em míssil indeterminado lançado a partir da capital do Norte, Pyongyang. Governo nipónico diz que projéctil caiu no Oceano Pacífico a 2000 quilómetros da ilha Hokkaido.

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Televisão japonesa noticia o lançamento do míssil norte-coreano Reuters/KIM KYUNG-HOON

A Coreia do Norte lançou um novo míssil, desta feita a partir de Pyongyang, segundo os militares sul-coreanos. O projéctil de características ainda por determinar foi disparado em direcção a Leste – ou seja, em direcção ao Japão. É o segundo projéctil a sobrevoar território japonês desde 29 de Agosto, quando um míssil balístico passou por cima da ilha Hokkaido.

O lançamento ocorreu às 6h57 da manhã desta sexta-feira (22h57 de quinta-feira em Lisboa), apenas um dia depois de o regime liderado por Kim Jong-un ter prometido afundar o Japão e reduzir a “cinzas e escuridão” os EUA. Ameaças que surgiram na sequência das novas sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU contra Pyonyang.

A informação de que a Coreia do Norte tinha disparado um novo míssil motivou prontamente o aviso à população do outro lado do Mar do Japão, aconselhada a abrigar-se.

Os responsáveis militares da Coreia do Sul e dos EUA estão a analisar os pormenores deste novo lançamento. A Casa Azul, sob a Administração do Presidente Moon Jae-in, convocou entretanto uma reunião urgente do Conselho de Segurança Nacional sul-coreano. A Casa Branca revelou também que o Presidente Donald Trump já foi informado do sucedido.

O porta-voz do do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, Yoshihide Suga, informou que o projéctil caiu no mar a cerca de 2000 quilómetros a este do cabo Erimo, na ilha de Hokkaido, cerca das 7h16 locais (23h16 de quinta-feira em Lisboa), acrescentando que ainda não é certo se existiram fragmentos do míssil que caíram em território nipónico. Suga diz ainda que o Governo do Japão "protesta veementemente" contra este novo lançamento que considera ser uma "provocação intolerável", cita a Reuters.

O exército sul-coreano diz que o míssil terá percorrido 3700 quilómetros e atingiu uma altitude 770 quilómetros. Esta distância é suficiente para atingir, por exemplo, a ilha de Guam, que é território norte-americano no Pacífico e que foi ameaçada pelo regime norte-coreano.

O ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Taro Kono, afirmou que "pensa" que o míssil lançado pela Coreia do Norte é do tipo ICBM. Ou seja, um míssil balístico intercontinental. O exército norte-americano, por sua vez, divulgou também um comunicado onde diz ter "detectado e seguido" o que avalia ser um míssil balístico de médio-alcance (do tipo IRBM) e que sobrevoou o Norte do Japão

A Austrália, um dos mais próximos aliados dos Estados Unidos, já reagiu. "Este é mais um acto perigoso, imprudente e criminoso por parte do regime norte-coreano, ameaçando a estabilidade da região e do mundo e nós condenamo-lo absolutamente", afirmou o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, à Sky News. "Acredito que este é um sinal da frustração deles com as maiores sanções contra a Coreia do Norte, impostas recentemente pelo Conselho de Segurança. É sinal de que as sanções estão a resultar", disse.

A ONU aprovou na segunda-feira o oitavo pacote de sanções contra a Coreia do Norte, destinadas a isolar economicamente o país, em resposta ao sexto e mais potente até à data ensaio nuclear realizado pelo regime, que aconteceu a 3 de Setembro. Pyongyang afirmou ter testado com sucesso uma bomba de hidrogénio, conhecida como "bomba H", suficientemente miniaturizada para poder ser colocada num míssil. 

Nesta quinta-feira, o general da Força Aérea norte-americana e líder do comando estratégico dos Estados Unidos, John Hyten, admitiu que a Coreia do Norte disparou, de facto, uma bomba hidrogénio no início de Setembro, algo que Washington se recusou a confirmar desde então. No entanto, acrescentou que esta assunção é feita com base no tamanho da explosão.

A explosão teve uma potência de 250 quilotoneladas, 16 vezes superior à da bomba lançada pelos Estados Unidos sobre a cidade japonesa de Hiroxima, em 1945, segundo as mais recentes estimativas divulgadas pelo portal especializado na Coreia do Norte, 38 North, com base na revisão em alta da magnitude do abalo gerado feita pela Organização do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares.

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