Navalni divulga vídeo de suposta mansão de férias secreta de Putin

O principal opositor político do Presidente russo diz que casa está registada em nome de amigos de Putin mas que é usada por ele.

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Fotografia da mansão identificada por Alexei Navalni Youtube

Alexei Navalni, que se tornou na principal dor de cabeça de Vladimir Putin e que se tem concentrado a denunciar e a tentar provar o envolvimento em esquemas de corrupção dos homens-forte do Kremlin, regressou para morder os calcanhares do Presidente russo. Agora, o objectivo de uma nova investigação é descobrir as dachas, ou casas de férias, secretas de Putin para desmascarar a riqueza escondida e alegadamente ilícita do poderoso líder russo.

Desta forma, foi publicado um vídeo no Youtube com imagens captadas por um drone de uma mansão escondida junto à fronteira com a Finlândia, e aparentemente utilizada por Putin como um refúgio de férias.

Conhecida como Villa Sergre, a mansão é localizada no Golfo da Finlândia, e o local que a rodeia serviu até de cenário para a adaptação dos filmes sobre o famoso detective Sherlock Holmes por parte da televisão pública soviética nos anos 80. Este facto serviu também de mote a Navalni para, durante o vídeo, ironizar sobre a mais recente revelação.

Abrangendo um terreno de cerca de 50 hectares, segundo o opositor político de Putin, o local conta com várias casas, incluindo uma mansão com um heliporto e um cais. Navalni diz ainda que a zona é fortemente vigiada por guardas armados e uma vedação de grandes dimensões. Os locais são impedidos de entrar.

Além disso, o activista e político garante que a propriedade é detida por amigos próximos de Putin mas utilizada por este: “Todas as provas apontam claramente em direcção a um dos esquemas de corrupção padrão de Vladimir Putin. Os seus activos pessoais são registados sob nomes dos seus amigos próximos que se tornaram fabulosamente ricos ao longo dos últimos 17 anos”.

O vídeo, que foi publicado no Youtube na quarta-feira, conta já com mais de duas milhões de visualizações. Mas sobre as mais recentes alegações não houve ainda qualquer reacção oficial por parte do Kremlin.

A luta anticorrupção do principal líder da oposição a Putin teve também como destaque um vídeo publicado em Março onde mostrava como o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, tem levado uma vida de luxo, dividida entre quatro mansões espalhadas pela Rússia, dois iates e uma vinha na Toscânia.

Apesar de o seu partido, o Partido do Progresso, não ter qualquer representante parlamentar, Navalni foi promovido a principal figura da oposição a Putin nos últimos anos. Em 2016, anunciou que se iria candidatar às presidenciais de Março de 2018 para fazer frente ao Presidente. Contudo, o facto de ter sido detido várias vezes e de ter sido condenado duas vezes a penas suspensas por fraude, fez com que fosse formalmente impedido de inscrever o seu nome nos boletins de voto.

Nos últimos anos, muito se tem falado sobre os alegados esquemas de corrupção que têm servido como fonte de riqueza de Vladimir Putin. Em Janeiro de 2016, Adam Szubin, na altura o homem que supervisionava o regime de sanções dos Estados Unidos no seio do Departamento do Tesouro, afirmou numa entrevista à BBC que Putin “supostamente recebe um salário anual de cerca de 110 mil dólares [101 mil euros]”. “Mas essa não é a verdadeira dimensão da sua riqueza, que ele há muitos anos aprendeu a mascarar”, acusava.

 “Vimo-lo usar os bens estatais para enriquecer os seus amigos e aliados mais próximos, e marginalizar aqueles que ele considera como detractores. Fá-lo através da riqueza energética da Rússia, e através de outros contratos estatais, que ele direcciona para aqueles que ele acredita que lhe serão úteis e exclui daqueles que se recusam servi-lo. Ora, para mim, essa é a imagem da corrupção”, afirmava ainda.

Estas declarações provocaram uma reacção enérgica do Kremlin desafiando os EUA a apresentar provas concretas sobre as alegações. “É uma pura invenção e uma difamação, sem relação com a realidade. Já estamos habituados a este tipo de falsificações jornalísticas, ligadas à incompetência, ao sensacionalismo ou à encenação”, disse na altura o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

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